Da base do governo, o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Guilherme Uchoa (PDT), é o destinatário de um ofício entregue nesta quinta-feira (16) com pedido para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias de supostos desvios de recursos destinados à reconstrução de cidades da Mata Sul do Estado atingidas por enchentes em 2010 e 2017.

O uso dessas verbas é alvo da Operação Torrentes, deflagrada pela Polícia Federal há uma semana.

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O documento também é assinado por Alexandre Bulhões, presidente do sindicato que representa servidores do Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE), e por Jesualdo Campos, advogado sindical e candidato a prefeito de Olinda pelo PSOL no ano passado.

Foto: Divulgação - Foto: Divulgação Foto: Divulgação - Foto: Divulgação Cisneros e Zaidan não conseguiram entregar o pedido a Uchoa.

Quem deve tentar dar encaminhamento à CPI é Edilson Silva (PSOL).

Para abrir a comissão, são necessárias 17 assinaturas de parlamentares, número que a oposição não tem hoje. » Nova fase da Operação Torrentes investiga ações após enchentes de 2017 » Oposição vai chamar Stefanni para explicar ações para a Mata Sul » Mata Sul de hoje é melhor do que era em 2010, diz Stefanni » Expulso da PM, Joel da Harpa quer processo contra presos em operação O presidente do Sinpol-PE afirmou que o pedido levado à Assembleia foi motivado por uma “omissão” dos deputados em relação às acusações da Operação Torrentes. “Nós não vimos nenhuma mobilização dos deputados estaduais para instalar uma CPI.

Esse é o papel do Legislativo.

No primeiro indício de corrupção deveria ter se instalada uma CPI para investigar se houve ou não corrupção”, disse.

Antes de protocolar o pedido de CPI, ele e Zaidan divulgaram um vídeo nas redes sociais afirmando que há uma “imoralidade” e uma postura “servil” do Legislativo. “Já são seis denúncias investigadas pela Polícia Federal apontando indícios de corrupção até agora”, diz Cisneiros na gravação.

A Operação Torrentes investiga supostas fraudes em contratos de assistência às vítimas das enchentes na Mata Sul pernambucana em 2010 e 2017, com foco na Secretaria da Casa Militar.

A apuração começou a partir de um relatório da Controladoria Geral da União (CGU) em 2016 apontando irregularidades como superfaturamento em 15 licitações entre 2010 e 2015.

Catorze pessoas, entre elas quatro coronéis da Polícia Militar, foram presas, todas liberadas até essa terça-feira (14).