A empresa FJW Empresarial LTDA, alvo de mandado de busca e apreensão na Operação Torrentes, nesta quinta-feira (9), já havia sido investigada em outra ação da Polícia Federal, há dois meses.

O dono, Ricardo José de Padilha Carício, voltou a ser preso temporariamente nesta manhã.

A mulher dele também.

Padilha havia sido preso no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna, o Cotel, no dia 29 de setembro e solto duas semanas depois, no dia 11 de outubro, no âmbito da Operação Mata Norte, que investigou supostas fraudes no fornecimento de merenda escolar em Lagoa do Carro.

Desta vez, a PF apura um suposto esquema de desvio de recursos públicos, fraudes em licitações e corrupção em verbas públicas destinadas para reconstrução das cidades destruídas por enchentes na Mata Sul de Pernambuco em 2010.

A investigação atinge a Secretaria da Casa Militar dos governos Eduardo Campos e Paulo Câmara, ambos do PSB.

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A FJW ainda venceu este ano uma licitação para vender produtos regionais no Aeroporto Internacional do Recife.

De acordo com a PF, após a deflagração da primeira fase da ação, uma semana antes de ser preso, ainda em setembro, o empresário passou a dormir em vários locais diferentes, incluindo hotéis e residências de familiares para despistar a polícia.

O suspeito estaria retirando provas de seu apartamento e ocultando veículos de luxo que seriam seus, mas que estavam registrados em nome de terceiros.

Segundo a polícia, nesse caso, processos licitatórios eram montados, dando aparência de legalidade e de competitividade entre as empresas, que, de acordo com a apuração, se revezavam na contratação prefeitura.

As empresas investigadas atuam em outros municípios e também são fornecedoras de órgãos estaduais, com contratos de mais de R$ 87 milhões.

Operação Torrentes Nesta quinta-feira (9), a Secretaria da Casa Militar do Estado é o principal alvo da PF, que começou as investigações em 2016 a partir de um relatório elaborado pela Controladoria-Geral da União com relação aos gastos efetuados.

De acordo com a polícia, até R$ 450 milhões, que foram depositados pela União para a assistência de vítimas das enchentes de junho de 2010, podem ter sido desviados.

Também foram detectados, segundo a PF, fortes indícios de superfaturamento em alguns contratos recentemente firmados pela pasta com recursos públicos federais desta feita após novas enchentes atingirem a Mata Sul em maio deste ano.

Após as últimas chuvas, que deixaram novo cenário de destruição em cidades como Palmares, em reunião com o presidente Michel Temer (PMDB), o governador Paulo Câmara apresentou uma lista de obras que estão previstas desde as enchentes de 2010 na mesma região, para solicitar apoio federal na conclusão dos empreendimentos, em repasses que somam R$ 383.083.648.

A justificativa do Estado para não ter concluído os projetos é de que a transferência de recursos pela União foi interrompida em 2014.

Veja a lista dos alvos da operação Entre os policiais militares foram presos coronel Fábio de Alcântara Rosendo, tenente-coronel Laurinaldo Félix do Nascimento, coronel Roberto Gomes de Melo Filho, coronel Waldemir José Vasconcelos de Araújo e coronel Carlos Alberto de Albuquerque Maranhão Filho.

Foram alvos de condução coercitiva o coronel Jair Carneiro Leão, o capitão Rolney Feitosa de Souza, o coronel Mário Cavalcanti de Albuquerque, o aposentado Adauto Chaves da Cruz Gouveia Filho, o soldado Patrese Pinto e Silva e Emmanoel Feliciano Ribeiro.

Foram presos ainda Antonio Manoel de Andrade Junior, Heverton Soares da Silva, Ítalo Henrique Silva Jaques, Rafaela Carrazzone da Cruz Gouveia Padilha, Roseane Santos de Andrade, Daniel Pereira da Costa Lucas, Taciana Santos Costa, Ricardo Henrique Reis dos Santos, João Henrique dos Santos e Antonio Trajano da Rocha Neto.

Os alvos de condução coercitiva foram: Karina Carrazzonne Pacífico da Rocha, Diego César Silva Jaques, Rogério Fabrízio Roque Neiva, Josileide Gomes Neiva, Romero Fittipaldi Pontual, Diego Renato Carneiro de Andrade, Elza Maria José de Santana, Sybelle Maria de Araújo Lima, Wagner Belizário da Silva, Adriana Padilha Carício Montenegro, Tertuliano de Oliveira Montenegro, José Walter Alves Ferreira e Tiago Augusto Silva Jaques (Pará).

Os mandados de busca e apreensão foram na Casa Militar, na Ceasa e nas empresas DTI, FJW, Regente Empresarial, JLPM, DTI Soluções Empresariais/Project Comercial Eireli, Megabag Indústria de Bolsas Ltda, T&R Comercio de Artigos de Confecção Ltda, AM Júnior Comércio de Artigos de Couro Ltda, Escritório de Contabilidade de Elza Maria José de Santana e Depósito DTI – Soluções empresariais.