Por Júlio Aragão, major da Polícia Militar de Pernambuco e especialista em comunicação social Não costumo me pronunciar nas redes sociais, ainda mais quando o assunto é polêmico, já que as novas mídias têm produzido nas pessoas uma infinidade de comportamentos que impactam o dia a dia de cada uma delas em seus ambientes plurais, afetando-as.

Mas ler a nota de repúdio da PMRJ é algo para mim angustiante, já que sou policial militar e filho de, neste tempo de tanta dificuldade no fazer da segurança pública.

LEIA TAMBÉM » ‘Comandantes são sócios do crime no Rio’, diz ministro da Justiça Acompanhando alguns telejornais em cadeia aberta e fechada, percebe-se que a mídia não vai e nem tem interesse de pronto (não espere dela) em defender os agentes ou a corporação Polícia Militar do Rio de Janeiro, senão, tão somente, repercutir a fala desastrada de um ministro que de ofício deveria travar uma luta para promover a justiça criminal em defesa da maioria esmagadora de homens e mulheres de bem da sociedade brasileira e, em especial, dos cariocas.

Ressalte-se, então, a ausência de notas de repúdio de outros órgãos, que do contrário encheriam os noticiários locais e nacionais e pediriam sem piedade a exoneração do comandante geral ou seu representante.

Mas, afinal, qual foi a minha angústia?

Sobre ela explico.

A nota da PMRJ traz elementos importantes como o repúdio da instituição e a reprovação da fala do douto ministro da Justiça, Torquato Jardim, que em nada demonstra conhecer sobre segurança pública.

Se você quer saber se é verdade ou não a afirmação, é só pesquisar sobre o discurso de posse quando ele, Torquato, pronunciou-se sobre o tema, deduzindo-a à experiência de um assalto no qual foi vítima.

Ou seja, visão egocêntrica – ser humano egocêntrico.

Levado hoje a se explicar diante das perguntas dos jornalistas sobre a autoria do dito emaculador contra PMs do RJ, consegue, ainda, além de sustentar a fantasiosa generalização, instalar perante a opinião pública que o instituto processual penal próprio do ônus da prova é do encargo de quem se defende.

Assim, a nota poderia não se obrigar a discorrer sobre as questões de número de PMs mortos; dos esforços de todos os policiais militares no combate à violência e nas omissões de outros órgãos; e no papel da corregedoria que, neste ponto, se só lhe for reconhecido o ofício da punição, trataria de ser o argumento uma injustiça porque no seu papel correcional tem o mister de orientar e humanizar a oferta de serviços dos agentes policiais e bombeiros em benefício das relações com o público interno e externo às corporações.

Estes esforços das PMs, se o desastrado ministro não os conhece, é porque, de fato, é um alienígena.

A sugestão que daria, tomado pelo sentimento de pertencimento, seria: Nota de repúdio sobre o que disse o ministro Torquato Jardim A Polícia Militar do Rio de Janeiro e a imensa família carioca estão envergonhadas com o que disse o ministro da Justiça Torquato Jardim que, de forma desastrada e falaciosa, associou policiais militares ao crime organizado.

A fala do ministro precisa ser esclarecida e com ela apresentada materialidade e autoria de crime que, por ventura, possa ele ter conhecimento, pois do contrário poderá está incorrendo em erro passível de conduta típica que, ainda na condição de ministro, não o afasta da possibilidade de ser responsabilizado como qualquer cidadão brasileiro, restando à presidência da República adotar, também, providências a seu cargo pelo que afirma o ministro.

De certo agora, é afirmar o compromisso de todos os policiais militares com a segurança pública da população do Estado do Rio de Janeiro, que merece uma Polícia Militar cada vez mais comprometida e afastada de toda e qualquer forma de violência que possa ferir os interesses de cada cidadão fixado ou não no Estado e o principio da Legalidade em suas ações.