O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, abandonou o PSB em boa hora, nesta quarta-feira.
Nesta sexta-feira, o governo Temer realiza duas rodadas de leilão de áreas de exploração de óleo e gás no pré-sal e espera um ágio elevado.
Programado há bastante tempo, esse será o primeiro grande evento econômico após a votação na Câmara.
Superada a tensão em torno da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer e os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria-Geral, Moreira Franco, o governo aposta na agenda econômica para virar a página e criar um clima positivo.
Para os aliados de Temer, o leilão das áreas do Pré-sal vai trazer investimentos, empregos, aumento de arrecadação e, principalmente, confiança para a economia. “Vai bombar”, afirmou ao Estadão o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho sobre o resultado do leilão.
Se estivesse ainda no PSB, poderia ser questionado sobre o aval à iniciativa, uma vez que o partido adriu à oposição.
FBC Filho disse que espera um ágio elevado, mas não arriscou dizer de quanto.
Diferentemente dos leilões de concessão, as áreas do pré-sal funcionarão num sistema de partilha e o critério de escolha dos vencedores é diferente.
A disputa se dará na parcela a ser paga ao governo ao longo da exploração.
Além disso, há o bônus de assinatura fixado em R$ 7,75 bilhões para as duas rodadas.
Esse bônus é uma espécie de pedágio pago à União pelo direito de explorar e produzir petróleo e gás nas bacias brasileiras. “Nesse leilão estarão as maiores petroleiras do mundo e a afirmação de várias delas é de disposição de investimento no Brasil, independente do leilão”, disse Moreira Franco.
Ele cita alguns dados que ouviu nas conversas e de anúncios das próprias petroleiras.
A British Petroleum e a Shell disseram que pretendem quadruplicar sua produção no Brasil na próxima década.
A maior empresa do setor no mundo, a Exxon Mobil, estava fora do mercado brasileiro havia cinco anos, voltou no mês passado, na rodada de leilões de áreas no pós-sal, e está inscrita no leilão desta sexta. “Todos os números que temos indicam uma trajetória de muito sucesso”, disse Moreira Franco ao Estado. “A inscrição de 16 grupos econômicos para participar dos leilões é uma clara demonstração de volta da confiança no Brasil. “Se continuar assim, vamos cantar ‘o campeão voltou’ em pouco tempo”, brincou.
Fetiche com óleo O líder da Oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE), declarou, já nesta quarta-feira (25), que parlamentares de vários partidos de oposição ao governo Temer (PMDB) esperam que uma ação ingressada por oposicionistas na Justiça impeça a realização de dois leilões, marcados para depois de amanhã. “Os leilões irão acabar com a exclusividade da Petrobras na exploração da imensa reserva de petróleo armazenada na camada pré-sal”, reclamam.
Após participar do lançamento do manifesto contra a entrega do petróleo nesta quarta-feira (25), em Brasília, Humberto afirmou que a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Soberania Nacional se insurgiu contra a iniciativa. “Contra esse golpe sem paralelo contra a nossa riqueza principal, que pretende vender ainda o complexo das hidrelétricas brasileiras.
Sob a condução dos traidores da soberania, o pré-sal se tornou a festa das multinacionais petrolíferas que buscam encontrar aqui os maiores lucros e os menores custos e impostos para a produção de petróleo e gás em todo o mundo”, criticou o senador. “Nove anos depois da grandiosa descoberta no pré-sal, a maior em todo o mundo dos últimos 30 anos, essa camarilha golpista e lambe-botas do capital internacional vai entregar, a preço de banana, todo esse ouro negro ao deleite das empresas estrangeiras”. “São vários blocos do pré-sal que serão leiloados, fato que jamais poderia ser feito, de acordo com Humberto, sem o consenso da sociedade, e muito menos por um governo golpista.
O parlamentar ressaltou que um único poço do pré-sal é capaz de produzir 40 mil barris de petróleo por dia, sendo que o mesmo volume só é conseguido no pós-sal se forem reunidos vários campos”. “É a energia do Brasil que está em jogo.
Estamos na mão de um governo bandido, vendilhão e entreguista, que quer colocar o Brasil numa bandeja aos estrangeiros”, disparou.
Ele entende que não é apenas a riqueza do país que está sendo entregue ao capital estrangeiro.
O governo está abrindo mão do próprio futuro do país, renunciando totalmente à capacidade de lucrar com a exploração desse petróleo e reverter todo esse potencial em favor da educação, da saúde e do desenvolvimento da nossa sociedade”, disse o lider da Oposição. “Nenhum país do mundo cometeria uma burrice tão monstruosa como essa.
Por isso, entramos na Justiça para defender o interesse e a riqueza do povo brasileiro.
Convocamos o povo para uma nova campanha do petróleo a fim de bloquear esse processo violento de desnacionalização e de insulto aos seus interesses.
Será um grito em defesa da soberania e do interesse nacional”, afirmou.
QUEM ESTÁ NO JOGO Petrobrás - Brasil Ouro Preto -Brasil BP - Reino Unido Shell - Reino Unido/Países Baixos Chevron - EUA Exxon - EUA Repsol - Espanha Repsol Sinopec - Espanha/China CNOOC - China CNPC - China Ecopetrol - Colômbia Petrogal - Portugal Petronas - Malásia Qatar Petroleum - Catar Statoil - Noruega Total – França A norueguesa Statoil anunciou recentemente um investimento de R$ 1,2 bilhão na Bacia de Santos.
Além disso, pretende comprar participação de empresas para produzir energia solar, numa demonstração de que os investimentos desses grupos têm um alcance mais amplo.
A China estará presente com três grupos: Sinopec, CNOOC e CNPC.
E a Petronas, da Malásia, vai estrear no País.
Os investimentos estimados para os campos do pré-sal leiloados amanhã chegam a R$ 100 bilhões para o período de dez anos.
Com os leilões previstos para 2018, a conta sobe para R$ 260 bilhões.
O Rio deverá ter um incremento de R$ 25 bilhões em suas receitas.
O dinheiro, estima o governo, permite elevar em um terço os investimentos em saúde ou em educação.
Espera-se a geração de 500 mil empregos.
Com informações do Estado de São Paulo