Agência Câmara - A estratégia da oposição de não marcar presença na sessão plenária adiou em mais de oito horas o início da votação do pedido para que o presidente da República, Michel Temer (PMDB), e ministros sejam processados por organização criminosa e obstrução de Justiça.

A sessão começou às 9 horas e só teve a fase de votações iniciada por volta das 17 horas.

Os deputados favoráveis à investigação de Temer resolveram dar presença na sessão, mas recorrem ao tempo reservado à fala de líderes para adiar ainda mais a votação.

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Segundo ele, o adiamento da votação mostra a união dos partidos contrários ao governo Michel Temer.

Ele adiantou, no entanto, que a oposição talvez não tenha os 342 votos necessários para que Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria de Governo) sejam julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “Os partidos de esquerda e progressistas saem hoje vitoriosos. É claro, é uma batalha, mas construímos um processo importante”, disse Guimarães.

A líder do PCdoB, deputada Alice Portugal (BA), disse que o adiamento tem a intenção de ampliar a audiência da sessão de votação da denúncia. “Os trabalhadores e os estudantes não poderiam visualizar quem é quem neste processo.

Mas, a partir de agora, o povo brasileiro estará acompanhando o voto de cada um dos senhores e das senhoras”, declarou.

Defesa de Temer Durante todas as oito horas de sessão em que a oposição se absteve de participar do Plenário, os microfones foram dominados por deputados governistas, que atacaram a denúncia e defenderam Michel Temer e, especialmente, os resultados econômicos do governo.

Vice-líder do governo, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) criticou a oposição por não comparecer ao Plenário, acusando-a de “covarde”.

Já o deputado Mauro Pereira (PMDB-RS) disse que as delações que foram base para a denúncia são mentirosas.

Ele ressaltou que, após o término do mandato, Temer poderá se defender na Justiça. » Denúncia contra Temer “atinge classe política” e não tem provas, diz relator tucano » Custo de denúncias contra Temer alcança R$ 32,1 bilhões » STF nega pedido para suspender votação de denúncia; Maia não vai fatiar » Certo da rejeição da 2ª denúncia, Planalto investe em ‘página virada’ O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) foi o único a defender em Plenário a autorização para que o STF abra o processo. “O apoio do PSDB ao governo é pelas reformas e esse apoio continua”, disse Macris. “Eu me posiciono favorável à investigação do presidente Michel Temer pelo STF, e é o Supremo que vai decidir, não esta Casa”, completou.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, chegou a pressionar o Plenário em defesa do quórum.

Ele anunciou que estaria disposto a encerrar a sessão e adiar a votação do pedido de processo contra Temer para não prolongar a sessão indefinidamente à espera do número mínimo para o início das votações.