Deputados do PSDB da ala dos “cabeças-pretas”, grupo de deputados do PSDB que defende o rompimento do partido com o governo, se reuniram na manhã desta quarta-feira (25) para decidir que não irão dar quórum na votação que ocorre na Câmara dos Deputados sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer (PMDB), por suspeita dos crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça.
Dos 44 deputados federais da bancada, 23 tucanos vão de encontro com o relator do processo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), deputado Bonifácio da Andrada (PSDB-MG), que recomenda a rejeição da denúncia.
LEIA TAMBÉM » ‘Cabeças-pretas’ se reúnem para discutir posição após PSDB continuar no governo » Tucanos estão mais alinhados em 2ª acusação contra Temer » Oposição não registra presença no plenário e protesta no Salão Verde Ainda sobre quórum na sessão, parlamentares do PT, do PCdoB e do PSOL, entre outras legendas, montaram um Plenário informal no Salão Verde da Câmara onde dizem que passarão o dia fazendo o uso da palavra contra o governo peemedebista.
De acordo com um dos “cabeças-pretas”, o deputado federal Daniel Coelho (PSDB-PE), a decisão dos tucanos será mantida até às 16h. “Temos o apoio do líder da bancada e vamos manter”, disse o pernambucano. “Quem vai votar a favor do presidente Temer são os que estão no governo e que estão na posição diferente que nós”, completou. » Denúncia contra Temer “atinge classe política” e não tem provas, diz relator tucano » Assista a votação da denúncia contra Temer e ministros Temer têm quatros ministros em seu governo do PSDB: Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Bruno Araújo (Cidades) e Luislinda Valois (Direitos Humanos).
Com mandatos de deputados, Imbassahy e Araújo foram exonerados na última sexta-feira (20) para reforçar na votação da denúncia do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.
Além dos dois tucanos, Temer também exonerou mais sete ministros. » Veja como será a votação da denúncia contra Temer, na quarta-feira » Certo da rejeição da 2ª denúncia, Planalto investe em ‘página virada’ O líder do PSDB na Casa, Ricardo Tripoli (SP), já havia afirmando que a bancada continuaria dividida e que deve registrar placar parecido com o da primeira denúncia, quando deu 22 votos a favor e 21 contra Temer.
O parlamentar paulista ressaltou que, em razão do racha, deve oficialmente liberar a bancada para votar como quiser, assim como fez na primeira denúncia contra o Temer, por corrupção passiva.
Com o racha, o Centrão quer que o presidente Temer faça uma reforma ministerial para ajustar a base aliada após a votação da segunda denúncia.
Integrado por partidos como o PP, o PR e o PSD, o bloco está de olho em pastas ocupadas pelo PSDB.
O grupo ameça se rebelar caso os tucanos sejam mantidos na equipe peemedebista, mesmo se dividindo no apoio a Temer. » Temer exonera oito ministros para votar contra denúncia na Câmara O argumento é de que o partido tucano ljá foi poupado após a votação da primeira denúncia, quando o partido rachou e apenas 22 deputados ficaram ao lado de Temer - os outros 22 se posicionaram pelo prosseguimento do processo.
Das quatro pastas que o PSDB comanda, o Centrão pediu a cabeça de Imabasshy, mas cobiça mesmo Cidades, com orçamento mais vistoso.
Temer não pretende fazer uma reforma ministerial agora, embora alegue que tudo depende das “circunstâncias políticas”.