Por Fernando Holanda, para o Blog de Jamildo Loucura, loucura, loucura! É o bordão do próprio Luciano Huck que melhor define a sua pretensa candidatura a Presidente do Brasil.
Algo que outrora pareceria anedota ganhou status de notícia nos últimos dias.
E que dificilmente não pode ser interpretado como loucura.
Ou melhor: um devaneio personalista, mazela tão característica da política na América Latina.
Ao cogitar ser candidato à Presidência já em 2018, Luciano Huck parece tentar se fazer valer do seu carisma e reconhecimento público para ascender de forma instantânea ao Poder.
Sem nunca antes ter feito uma contribuição ao debate político ou mesmo ter se engajado genuinamente em uma causa social no país, fica difícil compreender o que realmente o motiva de forma tão repentina a desejar ocupar o cargo mais importante da República.
Seria ele o Sílvio Santos de 1989?
Um bem-vindo “outsider” da política?
Vale lembrar que o patrão do SBT chegou liderar as pesquisas antes de ter sua candidatura devidamente impugnada pela Justiça por irregularidades.
E que há infinitas críticas à gestão do “outsider” João Dória em São Paulo.
Até então, o pouco que se pode deduzir sobre suas convicções ideológicas vem de uma meia dúzia de artigos no jornal e de suas fotografias ao lado de figuras como Aécio Neves e Joesley Batista.
Hoje, é impossível saber em que espectro político o apresentador se identifica ou que visão ele tem para os temas críticos do país.
Seria oportuno que ele aproveitasse o boato para tentar esclarecer o que pensa, ou mesmo com quem está conversando e o sobre o que está falando em suas visitas a grandes empresários ao lado do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga.
Seu engajamento em movimentos de renovação política recém-criados é extremamente válido, não há dúvida.
Mas, convenhamos, estão longe de oferecer maturidade e legitimidade de representação social a quem pretende ser Presidente da República daqui a pouco mais de um ano.
Ainda que a renovação seja urgente e precise ser garantida pela democracia a quem se dispuser, é preciso ter humildade para entender que representar pessoas é diferente de ser conhecido por elas.
Especialmente quando se é celebridade, sub-celebridade ou jogador de futebol.
Ser protagonista na televisão é bem diferente de assumir o protagonismo na política.
Que Luciano Huck possa transformar seu recall em reconhecimento através de um trabalho que vá além da mídia.
Será ótimo que sua relação com pessoas de classes menos favorecidas possa ser percebida como algo que vai além do seu interesse pela audiência.
E que isso possa começar já.
Mas sem endossar o personalismo, que, por sinal, é primo-irmão do populismo.
Mobilizar, financiar e apoiar candidaturas inovadoras é um bom caminho, não há dúvida.
O mesmo não pode se dizer de uma candidatura aventureira à Presidência.
A renovação política no Brasil é uma realidade necessária, não um reality show.
Fernando Holanda representa a RAPS - Rede de Ação Política pela Sustentabilidade no Conselho da Cidade do Recife. É filiado à Rede Sustentabilidade.