O jornal Folha de S.

Paulo publicou uma pesquisa do Datafolha que mostra que oito em cada 10 brasileiros diz que não costuma levar em conta a opinião de seus líderes religiosos quando eles fazem campanha para algum candidato; 8% de declararam não ter religião não foram computados.

Entre os 19% que consideram as recomendações de seus representantes das igrejas, 4% o fazem apenas se o pleiteante ao cargo for ligado à sua igreja. É um pouco mais alta a média dos grupos evangélicos que mostra que eles dão mais ouvidos aos seus pastores, o que representa 26%.

Já a taxa que sobe para 31% entre fiéis neopentecostais -fatia que abrange como Universal e Renascer.

No entanto, isso é na teoria.

LEIA TAMBÉM » Brasileiro quer Lula preso e aval a denúncia contra Temer, diz Datafolha » Apesar de força, Lula não emplaca aliado, aponta Datafolha Na prática, de acordo com a pesquisa, 9% disseram já ter votado em alguém indicado por sua liderança religiosa, número similar aos 8% verificados em sondagem de quatro anos atrás.

Novamente, evangélicos (16%), sobretudo os neopentecostais (28%), se revelam mais suscetíveis à recomendação de suas congregações.

Ainda sim, uma minoria dentro desse universidade religioso.

Uma possível explicação para o fenômeno é que entre os que se dizem católicos, muitos não são praticantes, portanto são menos propensos a seguir eventual orientação do clero.

Fora que a Igreja Católica tem como regra evitar apoio explícito a um ou outro candidato.

Sem um poder central -um líder único, como o papa-, cada denominação evangélica decide se endossa um nome. » Bolsonaro diz que, sem voto impresso, Datafolha acerta sobre Lula » Lula lidera cenários para 2018 mesmo após condenação, diz Datafolha “E muitas vezes a influência desses líderes é supervalorizada.

A tendência observada nas eleições sugere que os eleitores estão mais autônomos e seletivos, buscando um voto pragmático que ajude na resolução de seus problemas cotidianos”, afirma Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha.

A imagem do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, é um bom exemplo em que a sua reprovação, que atinge 40% no total, cai para 26% entre os pentecostais e para apenas 6% entre os neopentecostais.

Juntos, os segmentos representam um terço da população carioca.

Ainda que tenda a não se alinhar com instruções políticas vindas da igreja, o eleitor não coloca a fé em segundo plano na hora de ir às urnas.

O Brasil é um país que crê -98% acreditam em Deus, e é sobretudo cristão.

Ainda segundo a reportagem, a presença evangélica dobrou de 2000 para cá: de 15,4%, segundo o Censo, para os atuais 32% detectados no Datafolha.

Já católicos murcharam de 73,6% para 52%. » Lula lidera e 2º lugar tem empate de Bolsonaro e Marina, diz Datafolha Nos dias 27 e 28/9, o Datafolha apresentou a 2.772 entrevistados de 194 cidades três hipóteses: um presidenciável católico, um evangélico e um ateu.

O cenário mais favorável foi o do católico com 25% votariam nele com certeza, 49% talvez e 16% de jeito nenhum (os 10% restantes vêm de outras respostas, inclusive de quem não quis opinar).

Os índices para o evangélico, respectivamente são de 21%, 46% e 24%.

O ateu levou a pior: só 8% não titubeariam em escolhê-lo, 33% cogitariam e 52% jamais o elegeriam.

Entre neopentecostais, a resistência ao político descrente chega a 67%. » Datafolha: 81% acham que irmãos Batista, da JBS, deveriam ter sido presos A derrota de Fernando Henrique Cardoso na corrida de 1985 à Prefeitura paulistana é em parte creditada à sua oscilação quando o jornalista Boris Casoy lhe perguntou: “Acredita em Deus?”.

Limitou-se a reclamar: “Essa pergunta o senhor disse que não me faria”.