Estadão Conteúdo - A dois dias de ter a denúncia do Ministério Público Federal por obstrução de Justiça e formação de quadrilha apreciada pela Câmara, o presidente Michel Temer (PMDB) e a nova Procuradora-Geral da República, Raquel Dogde, dividiram as atenções durante cerimônia de Ordem do Mérito Aeronáutico, que aconteceu na base aérea de Brasília.
Pelo protocolo cabe ao presidente da República presidir a cerimônia.
Raquel, assim como os ministros da Justiça, Torquato Jardim, foi agraciada com a condecoração de Grande-Oficial.
No total, a Força Aérea Brasileira (FAB) entregou na cerimônia de hoje 196 medalhas da Ordem do Mérito Aeronáutico (OMA) a civis e militares.
Segundo o órgão, trata-se da maior comenda concedida em reconhecimento aos serviços prestados à FAB e ao País e faz parte das celebrações do Mês da Asa, quando é comemorado o Dia do Aviador e da Força Aérea Brasileira.
LEIA TAMBÉM » Deputado do PCdoB vai pedir voto separado de denúncia contra Temer e ministros » Veja como será a votação da denúncia contra Temer, na quarta-feira » Dodge avalia portaria de Temer que muda conceito de trabalho escravo como ‘retrocesso’ Temer não discursou na cerimônia, mas entregou uma mensagem - que foi lida por um oficial.
No texto, o presidente destacou que a FAB tem buscado avançar em projetos estratégicos para o Brasil e citou como exemplo o KC-390. “O KC-390, por exemplo, é fruto de associação bem-sucedida com a Embraer e tem-se mostrado cargueiro-modelo que, além de reequipar a Força Aérea, contribui para viabilizar novos investimentos e atrair novas parcerias internacionais”, disse. “Do mesmo modo, o Projeto F-X2 Gripen NG, também conduzido em conjunto com a Embraer, agrega à nossa indústria aeronáutica conhecimento e tecnologia.
Os projetos respondem por novos empregos de alta qualidade”, completou o presidente.
Na mensagem, Temer salientou ainda que 2017 tem sido um ano de “grande realizações para a FAB”. “Exemplo expressivo foi o lançamento do primeiro Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações.
O novo satélite contribuirá tanto para melhor controle de nosso território, quanto para a inclusão digital, com uma cobertura de conexão banda larga maior, melhor e mais segura”, disse.
Temer lembrou ainda que há 111 anos Alberto Santos Dumont, no Campo de Bagatelle, em Paris, realizou o primeiro voo de uma aeronave autopropulsada. “Foi um momento histórico, que recordamos sempre com muito orgulho”, disse.
Críticas A nova PGR, que assumiu há pouco mais de um mês o comando da instituição no lugar de Rodrigo Janot, tem feito algumas críticas à condução do executivo.
A mais recente diz respeito à portaria assinada por Temer que determina que só o Ministério do Trabalho pode incluir empregadores na “lista suja” do trabalho escravo.
Raquel classificou a Portaria MTB nº1129/2017 como um “retrocesso à garantia constitucional de proteção à dignidade da pessoa humana” e pediu oficialmente para que o governo se pronuncie e revogue a medida.
Depois das críticas da PGR, Temer informou ao ministro do Trabalho que pode fazer ajustes na portaria, mas apenas depois da apreciação da denúncia. » Temer exonera oito ministros para votar contra denúncia na Câmara » Pernambucanos votaram contra rejeição da denúncia contra Temer na CCJ » Por 39 a 26 votos, CCJ rejeita denúncia contra Temer e ministros Na semana passada, Raquel afirmou ainda que o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) “parece” ter assumido a posição de líder de uma organização criminosa.
Em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o pedido de liberdade feito pela defesa do peemedebista, ela afirmou que a prisão é “imprescindível” para a continuidade das investigações.
O ministro Edson Fachin negou o habeas corpus.
Geddel está preso desde o dia 8 de setembro, quando foram apreendidos R$ 51 milhões em um apartamento em Salvador, durante a Operação Tesouro Perdido.
O ex-ministro estava em prisão domiciliar - em julho, ele havia sido detido por tentativa de obstrução da Justiça.
A defesa de Geddel disse que vai recorrer à Segunda Turma do Supremo contra a decisão de Fachin.
A procuradora-geral alegou que está sob investigação uma “poderosa organização criminosa que teria se infiltrado nos altos escalões da administração pública, que seria integrada, segundo indícios já coligidos, por um ex-ministro de Estado e o ex-presidente da Câmara dos Deputados (Eduardo Cunha)”.