Estadão Conteúdo - Para o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), o atual sistema previdenciário morreu, mas é preciso fazer uma reforma que contemple aspectos regionais e crie um regime de capitalização público.
O ex-governador do Ceará é contra a privatização da Petrobrás e diz que tomará de volta a Eletrobrás se ela for desestatizada.
LEIA TAMBÉM » ‘Momento é de testosterona’, diz Ciro Gomes sobre candidatura de Marina » Não quero vender a alma para ser presidente, diz Ciro Gomes » Caso seja eleito, Ciro diz que revogará reformas do governo Temer Previdência “A sociedade está dividida entre os que imaginam, sem estudar o assunto, que o País precisa de reforma da Previdência para ontem, o que é mentira.
E os que querem simplesmente, em homenagem ao corporativismo, negar a necessidade de reforma.
A virtude está no meio.
Tínhamos seis pessoas ocupadas para financiar uma aposentadoria.
Hoje, temos 1,6 empregado para financiar um aposentado.
Esse sistema morreu.
Precisamos pôr em debate um novo: um sistema de capitalização público, sob controle dos trabalhadores, administrado por executivos premiados e punidos pelo êxito, e com uma agência de risco objetiva para fazer o filtro da alocação desses estoques de poupança compulsória vinculada a investimento de longo prazo.
A idade mínima é uma obviedade, mas há de ser com equidade. É absolutamente insustentável moralmente estabelecer a idade mínima de 65 anos para um cidadão que trabalha no semiárido do Nordeste e aquele que trabalha engravatado na Avenida Paulista " Corte de juros “A Previdência vem em segundo lugar no debate da dívida pública.
Juro vem em primeiro.
As pessoas esquecem que juros têm efeito fiscal.
Todo gasto com juro é gasto corrente.
A Dilma entregou com 14,25% ao ano.
Hoje, está em 8,25%.
Jogaram 2017 fora.
Já podia ter feito isso (redução da Selic). É uma janela que vai se fechar.
Jogamos fora oito anos de juro negativo no exterior.
Como faz para baixar? É só fazer.
No curto prazo, não há razão estrutural para o juro não estar lá embaixo.
E tem de ser mantido assim pelos próximos quatro anos.” Privatizações “Nem pensar em privatizar Petrobrás e Eletrobrás.
Não é questão de esquerdismo infantil.
Brasil e Venezuela têm petróleo excedente e os EUA consomem mais petróleo do que produzem.
Por que vamos entregar isso aos estrangeiros?
Isso é estratégico, é uma vantagem que vamos ter de usar por 30 anos.
A população, zangada com ineficiências do Estado, começa a acreditar que para acabar com o carrapato tem de matar a vaca.
Qualquer venda de parcela do petróleo brasileiro feita com a mudança da lei de partilha, se eu for presidente, será desapropriada, com a devida indenização.
Se privatizarem a Eletrobrás, também tomaremos de volta.
Pode conceder estradas, mas o que faz o gênio brasileiro nos aeroportos?
Privatiza os que dão lucro e deixa o resto onerando o Tesouro.” Banco Central “Qual Banco Central sério do planeta tem mandato de perseguir inflação como único tiro?
O nosso.
Precisamos alterar o mandato do BC.
Precisamos introduzir o mundo real no Comitê de Políticas Monetárias.
Em um governo meu, o BC vai perseguir a menor inflação a pleno emprego.” Crise fiscal “A sanidade fiscal é um valor em si mesmo, não para ganhar confiança do sistema, mas para dispensá-la. É preciso ter em mente que sou ex-governador.
Isso que me choca às vezes no debate, quererem me transformar num doidão.
O Ceará tinha dívida mobiliária muito grande.
Faz sentido, só porque venceria em 15 anos, deixar para o futuro?
Peguei 3,4% da receita, fui ao mercado e comprei 100% da dívida do Estado.
Por que o Ceará é o mais líquido do País?
Não tem a ver com a minha história de austeridade?” Tamanho do Estado “Não foi o espontaneísmo do mercado que transformou os EUA no que são.
Qual é o maior polo exportador de calçados no Brasil?
O Ceará.
Sem ter todos os insumos, sem ter grande mercado consumidor.
Conseguimos com incentivo fiscal, de crédito, capacitação, treinamento, eficiência de infraestrutura.
Vou governar com a taxa de juros abaixo da rentabilidade média dos negócios.
No Ceará, você pega nota do imposto que pagou, apresenta no banco e tem direito a tomar empréstimo de 75% do que foi pago.
Esse empréstimo é subsidiado.
Existiria agronegócio sem subsídio?
Quer destruir essa dinâmica extraordinária, é só entrar nesses ‘dorianismos’ e ‘alckmismos’