Estadão Conteúdo - O presidente da República, Michel Temer (PMDB), admitiu que deve fazer ajustes na portaria que modifica as regras de combate ao trabalho escravo e acatar sugestões feitas pela Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge.
Em entrevista ao site Poder 360, Temer citou como uma das possíveis alterações estabelecer uma delegacia na Polícia Federal de combate a crimes do trabalho escravo.
Conforme antecipou o Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), Temer recebeu na quinta-feira (19), o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, e concordou com algumas alterações na portaria.
Mas, segundo interlocutores do presidente, avisou que as alterações só serão feitas após a votação, na Câmara dos Deputados, da segunda denúncia contra ele por obstrução de Justiça e formação de quadrilha.
LEIA TAMBÉM » Juízes do Trabalho anunciam rebelião oficial contra a reforma trabalhista, que começa a valer em novembro » Gilmar Mendes diz que, dependendo do critério e do fiscal, até na garagem do STF alguém pode ver trabalho escravo » Dodge avalia portaria de Temer que muda conceito de trabalho escravo como ‘retrocesso’ Na conversa com Temer, Nogueira fez uma defesa da portaria, apresentou seus argumentos e relatou a conversa que teve durante a semana com Raquel Dodge.
A substituta de Rodrigo Janot no comando da PGR, que foi indicada por Temer, fez duras críticas à medida.
Ela classificou a portaria como um “retrocesso à garantia constitucional de proteção à dignidade da pessoa humana” e pediu oficialmente dez dias para que o governo se pronuncie e revogue a medida.
Na entrevista ao site, Temer disse ainda que Nogueira apresentou a ele alguns autos de infração de trabalho escravo que o impressionaram. “Um deles, por exemplo, diz que, se você não tiver a saboneteira no lugar certo, significa trabalho escravo “. » PSOL apresenta projeto para anular mudança sobre trabalho escravo » Entidades recorrem à ONU contra decreto sobre trabalho escravo De acordo com auxiliares de Temer, o presidente designou que o ministro faça uma avaliação concreta de quais pontos podem ser alterados para que uma decisão seja tomada.
A principal preocupação do presidente é acertar eventuais alterações com a bancada ruralista - que tem 230 deputados e 24 senadores. » É praticamente revogação da lei áurea, diz líder da oposição contra mudança sobre trabalho escravo O governo precisa desses votos não só para derrubar a denúncia, mas também para retomar sua agenda no Congresso.