Estadão Conteúdo - O PSDB não deve entregar novos votos para ajudar o presidente Michel Temer a barrar na Câmara a segunda denúncia contra ele, mesmo após contar com o apoio do PMDB para salvar o senador Aécio Neves (MG).

Segundo lideranças tucanas na Câmara e no Senado, a bancada de deputados continuará dividida e deve registrar placar parecido com o da primeira denúncia, quando deu 22 votos a favor e 21 contra Temer. “O número de votos vai ser igual ao da primeira, ou seja, a bancada continuará dividida”, afirmou ao Estadão/Broadcast Político o líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP).

O parlamentar paulista ressaltou que, em razão do racha, deve oficialmente liberar a bancada para votar como quiser, assim como fez na primeira denúncia contra o Temer, por corrupção passiva.

A bancada tem atualmente 44 deputados federais.

LEIA TAMBÉM » Por 39 a 26 votos, CCJ rejeita denúncia contra Temer e ministros » Pernambucanos votaram contra rejeição da denúncia contra Temer na CCJ Primeiro-vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) afirmou que o resultado favorável a Aécio no Senado não vai mudar os votos do PSDB na segunda denúncia contra Temer. “A imprensa faz uma leitura, e os fatos vão desmentir, de que houve um acordo entre PSDB e PMDB.

Semana que vem vai ter painel na Câmara e vocês vão observar que não haverá mudança substancial na posição do PSDB”, afirmou. “Não há nenhuma correlação entre o que houve ontem (17) aqui no Senado e o que acontecerá na Câmara”, acrescentou Cunha Lima nesta quarta-feira, um dia após o Senado reverter o afastamento do mandato e recolhimento noturno impostos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Na votação no Senado, o PMDB deu 19 votos para salvar Aécio e apenas dois contra o senador mineiro: um de Kátia Abreu (TO) e outro de Roberto Requião (PR).

O número de votos em relação à segunda denúncia contra Temer deve continuar o mesmo na bancada paulista, de acordo com lideranças tucanas.

Na primeira denúncia, 11 tucanos paulistas votaram pelo prosseguimento e apenas um pela rejeição da investigação contra o presidente.

O placar provocou críticas de auxiliares de Temer ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), acusado nos bastidores de “traidor”. » PSB troca deputados dissidentes e vai votar em peso contra Temer na CCJ » Temer exonera ministros da Defesa e Minas e Energia, para garantir votos a favor na CCJ “Há uma tendência de que os votos na bancada paulista sejam muito parecidos com a primeira denúncia.

Até porque os argumentos não mudaram muito.

Embora não seja a mesma denúncia (na segunda vez, Temer é denunciado por formação de quadrilha e obstrução da Justiça), os conceitos são iguais”, afirmou o deputado Miguel Haddad, que é primeiro-vice-presidente do PSDB de São Paulo e ligado ao governador paulista.

Deputados tucanos relatam que Alckmin chegou a tentar combinar votos pró-Temer entre a bancada paulista do PSDB.

A intenção inicial seria “virar” aproximadamente cinco votos dos tucanos paulistas e, com isso, demonstrar reaproximação com o Palácio do Planalto.

O governador quer manter uma boa relação como o PMDB, com vistas às eleições de 2018, quando quer disputar a Presidência da República. » Temer envia carta ‘desabafo’ a parlamentares e diz ser ‘vítima’ de conspiração As conversas foram feitas pelo deputado Silvio Torres (PSDB-SP), principal interlocutor de Alckmin na Casa.

Mas a dificuldade em conseguir deputados do PSDB dispostos a mudar o voto fez com que os “alckmistas” recuassem da estratégia.

Isso porque Torres seria o único voto garantido a favor de Temer.

A avaliação é que isso poderia passar uma imagem negativa para o governador, de que ele não teria capacidade política de negociar.

Ao Estadão/Broadcast Político, o secretário-geral do PSDB negou movimento pró-Temer.

Assim como os demais tucanos, previu que o placar na bancada do PSDB na segunda denúncia deve ser parecido com o da primeira.

A avaliação é de que uma mudança de voto de quem votou contra Temer na primeira denúncia pode ser interpretada pelo eleitorado como se tivesse o deputado tivesse ganhado alguma benesse do governo.