O líder da oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE), cobrou nesta quinta-feira (19) que o Conselho de Ética analise a representação apresentada pelo PT por quebra de decoro parlamentar contra Aécio Neves (PSDB-MG).

A reclamação do petista foi um dia depois da volta do tucano à Casa, após ter sido afastado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 26. “Precisamos dar uma resposta à sociedade.

O Senado envergonhou o país esta semana”, disse, em queixa contra a decisão dos parlamentares, por 44 votos a 26, de salvar o mandato de Aécio.

Além de ter sido afastado, ele estava em recolhimento domiciliar noturno.

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Em julho, o peemedebista já havia arquivado uma representação contra Aécio, do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e dos deputados Alessandro Molon (Rede-RJ) e Ivan Valente (PSOL-SP).

O tucano também havia sido afastado pelo Supremo naquele período, mas conseguiu voltar por decisão da própria Corte.

Desta vez, o afastamento de Aécio pela Primeira Turma gerou uma crise entre o Judiciário e o Legislativo, depois que o Senado decidiu referendar a decisão dos ministros mesmo antes de eles votarem se as medidas cautelares precisariam passar pelo crivo do Congresso. “Aécio vai ter a possibilidade de se defender integralmente e poderá, caso prove a sua inocência, exercer o seu mandato sem qualquer questionamento”, defendeu Humberto Costa. “No Conselho de Ética, não se está tentando fazer enquadramento da responsabilização criminal, pois aqui não é o foro adequado, mas o objetivo é compreender que as condutas se amoldam ao descumprimento do comportamento ético exigido de um parlamentar.” » STF diz que afastamento de parlamentar tem que passar por crivo do Legislativo » Senado ignora STF e decide manter mandato de Aécio Neves com folga » Saiba como os senadores votaram sobre Aécio Neves O pedido de afastamento de Aécio foi feito pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.

O senador é investigado por corrupção passiva e obstrução de Justiça, com base nas delações premiadas da empresa J&F. “As condutas narradas são consideradas incompatíveis com a ética e o decoro parlamentar, pois há percepção de vantagens indevidas e suposta prática de irregularidades graves no desempenho do mandato”, argumentou o petista.

Inicialmente, o PT havia saído emitido uma nota criticando a decisão do Supremo.

Humberto defendeu, porém, que a manifestação tinha um caráter institucional, de defesa da autonomia entre os Poderes, e não de apoio ao tucano.

A nota do partido foi vista como uma maneira de marcar posição diante da possibilidade de algo semelhante vir a acontecer com algum petista.

A presidente da legenda, senadora Gleisi Hoffmann (PR), por exemplo, é ré em um inquérito no Supremo.

A petista não votou na última terça-feira (17).

Já o líder da oposição votou para manter o afastamento de Aécio.