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Clovis Miyachi, em artigo especial para o Blog de Jamildo Afinal, em 2018, os pré-candidatos optarão pelo qual das teorias nas montagens dos palanques?

Antecipando as escolhas, descrevemos abaixo os pilares de sustentação dos palanques, mas não descartando outras visões a respeito do funcionamento e resultados obtidos em outras configurações.

A teoria do “Andor” tem como princípio a força, a coesão e a dominação de um único partido na circunscrição eleitoral.

O termo andor remete ao cortejo da entidade religiosa católica, carregando a imagem de um santo, figura esta, mediadora dos pedidos a uma pessoa superior que não temos acesso, a intercessão e intimidade com o superior, permiti a realizações dos favores solicitados pelos fieis.

Em 1988, Antônio lavareda utilizou a expressão “teoria do andor” na eleição para prefeito do Recife (Diário Político, 05/02/2012).

Contestado por uns e admitido por outros, a entidade partidária PMDB tendo Arraes, governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, prefeito da cidade do Recife, lançaram Marcus Cunha, candidato a prefeito do Recife e, não obtendo a coesão na indicação desse nome para o santo do andor, saíram da eleição derrotados pelo candidato Joaquim Francisco, na época, inovando, utiliza o conceito de “Palanque Eletrônico”. (Palanque eletrônico no estado de Pernambuco, Clovis Miyachi, UNICAP).

O pilar de sustentação da teoria do “Andor” é a existência de um e somente um único ser superior na agremiação partidária, tratando os eleitores como meros devotos dos seus serviços, dando somente a opção da lealdade aos seus fieis, declínio de um partido. (Saída, Voz e Lealdade, Albert Hirschman).

Ainda, mantendo a agremiação partidária como uma entidade religiosa (igreja) surge a variante, a teoria do “Púlpito”, composto por fiéis-eleitores e políticos evangélicos de partidos distintos, com propósito de construírem uma frente de candidatos eleitos.

Temos como exemplo, Anderson Ferreira (PR), eleito prefeito de Jaboatão em 2016, Marcelo Crivella (PRB), eleito prefeito da cidade do Rio de janeiro em 2016, na cidade do Recife temos, missionária Michele Collins (PP), eleita a vereadora mais votada, Irmã Aimée (PSB), eleita a segunda, Fred Ferreira (PSC), eleito o terceiro.

Agora, a teoria do “Poste”, caracteriza-se pela cristalização da intenção do voto em direção a uma administração bem avaliada e para um candidato desconhecido de baixo recall pré-eleitoral, veiculando a ideia do mando da futura gestão pelo líder, em detrimento ao candidato eleito (Processo da cristalização da intenção do voto, Clovis Miyachi, UFPE).

Bem como a montagem da chapa proporcional com candidatos puxadores de voto para a chapa majoritária, o voto “carruagem”.

Antônio Carlos Magalhães (ACM) em 1982, a dois meses da eleição, perde seu candidato a governador em um acidente de avião, e na época, respondendo a pergunta de um repórter se daria tempo para lançar um substituto respondeu, “Meu filho, na Bahia eu elejo até um poste”. (Como o eleitor escolhe seu prefeito – Luzes do Poste…, Antônio Lavareda – organizador).

No Recife, em 2008, o prefeito João Paulo, com sua administração avaliada com 64% de Bom/Ótimo, mais uma pontuação de 7,3 de desempenho (DataFolha – 05/09/2008), lança o desconhecido João da Costa.

Eleito prefeito no primeiro turno com 51,54% dos votos, apoiado por uma chapa proporcional de 62% dos candidatos a vereadores e o somatório de 66% dos votos apurados na eleição.

Teoria do “Palanque Digital”, sustentado pelos novos conceitos: mídia eletrônica, telespectador-eleitor, eleitor-conectado, isto é, cristalizar a intenção do voto do eleitor-digital, sufocando-o de mensagens que vão surgindo na tela do seu celular, construídas através dos acontecimentos com realidades do seu cotidiano local.

Agora, cabe ao político e sua equipe política definir a mensagem, o que dizer (o que tornar público).

Como dizer, tarefa da equipe técnica de comunicação, utilização das mídias digitais formatar e propagar a mensagem.

O “Palanque Digital” isoladamente não garante o sucesso em uma eleição, não basta ser detentor da máquina pública se não construir uma aliança robusta, pois, enfrentar adversários consolidados pelos discursos e patrimônios é um fator de risco a considerar.

A comunicação no tempo digital exige um ritmo rápido, divulgar enquanto acontecem os eventos, isto é a comunicação-política e não a comunicação institucional, empresarial e mercadológica que permite o tempo da “agência de propaganda” , não é mais permitido deixar para a última hora.

Não encaixa na cultura de consumo do eleitor conectado, imediatista e interativo.

Em qual dos palanques podemos posicionar os indivíduos que “são candidatos – mas até podem não ser” e aqueles que “não são candidatos – mas até podem ser” – Pernambuco 2018, entre desejos e oportunidades.

Iniciando a discussão: Primeira consideração, um candidato majoritário (senador) como estratégia dominante, utilizando a teoria do andor na sua variante teoria do púlpito; Segunda consideração, um candidato majoritário (governador), como estratégia dominante utilização dos pilares da teoria do poste, aprovação de sua gestão - voto retrospectivo, aliança robusta – voto carruagem e palanque digital.

Terceira consideração, estratégia dominante na construção de um santo para o uso da teoria do andor, busca do consenso em um nome para opor ao atual governante.