O ex-deputado federal petista Ricardo Zarattini Filho faleceu neste domingo (15), em São Paulo.

Ele estava internado no Hospital Sírio Libanês há quase um mês para tratar de um melioma múltiplo, mas não resistiu. “Até o último momento de lucidez, discutia a situação do país, propunha iniciativas e ações a todos os que o visitavam no hospital”, o homenageou o filho dele, o deputado federal Carlos Zarattini (SP), líder do PT na Câmara.

A história de Zarattini se cruzou à do Recife em 1968, quando o militante contrário à ditadura militar foi preso e torturado, sob a acusação de ser um dos responsáveis pela bomba que explodiu no saguão do Aeroporto dos Guararapes, matando duas pessoas e ferindo outras 14.

Ele foi inocentado e, mais de 40 anos depois, a Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Hélder Câmara, o colegiado pernambucano, conseguiu documentos da Aeronáutica que comprovam a ausência de culpa.

Em depoimento à comissão em 2013, Zarattini desabafou: “O que fere mais é essa coisa que fica até hoje, de as pessoas falarem ‘ah, esse é aquele da bomba do aeroporto?’”, contou. “É como se diz por aí, é muito mais difícil fazer o desmentido, do que o mentido”, completou.

O atentado no Aeroporto dos Guararapes tinha o objetivo de matar o marechal Arthur da Costa e Silva, que viajava pelo Brasil em campanha antes de assumir a Presidência da República.

Ele escapou porque decidiu seguir de João Pessoa para o Recife de carro.

O atentando depois viria a ser relacionado ao movimento Ação Popular (AP), que após a redemocratização negou qualquer participação de Zarattini no atentado.

No período da ditadura, Zarrattini foi dirigente do Partido Comunista Brasileiro e do MR-8.

Ele foi preso enquanto atuava em movimentos trabalhistas na zona canavieira de Pernambuco.

Em 1969, conseguiu fugir, mas mas foi recapturado em São Paulo pela Operação Bandeirantes.

O ex-deputado foi trocado pelo embaixador norte-americano Charles Elbrick e exilado em Cuba, de onde conseguiu voltar clandestinamente ao Brasil em 1974, sendo preso novamente em 1978 até a Lei da Anistia, em 1979.

Na homenagem ao pai, Carlos Zarattini citou um poema de Bertolt Brecht: “Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons.

Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis.” “Entendia profundamente a gravidade do momento do alto da experiência de quase 70 anos de militância pela soberania nacional, participou ativamente como dirigente estudantil da Campanha O Petróleo é Nosso, militou por um País mais justo e pela democracia.

Preso pela ditadura militar foi banido e viveu em Cuba.

De volta ao Brasil, se envolveu na luta pela reconquista da da democracia e pela anistia”, afirmou.