Ex-ministro da Justiça do cacique peemedebista José Sarney, o jurista José Paulo Cavalcanti Filho não poupou críticas à gestão de Michel Temer (PMDB) em entrevista ao cientista político Antônio Lavareda no programa 20 minutos, exibido pela TV Jornal neste sábado (14).
O advogado não prevê interferência do atual presidente nas eleições de 2018. “Eu tenho a sensação de que o eleitor vai querer votar em alguma coisa nova”, analisou. “Nesse sentido Temer é uma espécie de abraço da morte.
Temer e todos que estão ao redor dele.” “Se a economia ficar direitinho, não consigo ver Temer interferindo (em 2018).
Pode até ser por baixo dos panos, entregar um ministério a um grupo que roube e faça algumas licitações.
Mas, tirando essa coisa deprimente, que é essa corrupção a que hoje está resumida a política brasileira, no que Temer encostar está morto”, afirmou o jurista.
O advogado fez um paralelo com a situação do ex-presidente Lula (PT), que admitiu uma aliança com o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL).
Na caravana do petista pelo Nordeste, os dois chegaram a dividir o palanque, provocando críticas da militância petista. “Lula pensa que vai ter boa vida quando encostar em Renan Calheiros?
Quando Renan encostar em alguém, tá morto.
Quem é que vai votar em alguém apoiado por Renan?”, questionou.
VEJA DETALHES SOBRE OUTROS PROGRAMAS » “Eu gostaria que Lula não fosse impedido de ser candidato”, diz José Múcio Monteiro » Não queremos que o Rio de Janeiro seja o Brasil amanhã, diz Jungmann » Para Raul Henry, não há hipótese de candidatura de FBC em 2018 » Fernando Filho prevê debandada do PSB e alfineta Raul Henry Para José Paulo Cavalcanti Filho, o governo não atendeu às expectativas pós-impeachment. “Esse governo aí é o de Dilma.
Nesse governo quase todos os atores fundamentais são os de Dilma. é um horror”, avaliou. “A gente queria uma coisa diferente, mais limpa”, lamentou.
O advogado explicou que esperava que Temer nomeasse para o primeiro escalão quadros mais técnicos e citou o médico Miguel Srougi como nome que era esperado para o Ministério da Saúde.
Quem está à frente da pasta desde que o presidente assumiu é Ricardo Barros, deputado federal licenciado que tem formação como engenheiro civil e foi indicado pelo Partido Progressista, o segundo maior da Câmara.
A sigla é uma das que garantem sustentação a Temer em votações como a do teto de gastos e a da reforma trabalhista e as das denúncias apresentadas contra ele, a primeira por corrupção passiva, já derrubada, e a segunda por obstrução de Justiça e organização criminosa, ainda em tramitação na Casa.
Apesar das críticas que faz a Temer, o jurista acredita que o peemedebista vai concluir o mandato, em dezembro de 2018. “Na cabeça de todo mundo está presente o fato de que para o ano vai ter eleição.
Assim que acabar o Carnaval, o País estará num grande debate sobre eleições presidenciais que vão acontecer em outubro”, previu. “Não há clima para as duas variáveis possíveis.
A primeira é de uma eleição direta; vai vai fazer uma agora e outra depois do Carnaval? não há estrutura para isso.
A segunda razão é algo que todo mundo pensa, mas não diz: o País não aguenta mais uma substituição por alguém que venha do Congresso.”