Cumprindo o que era esperado pela base aliada, o deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), relator da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) votou nesta terça-feira (10) pela rejeição da investigação do peemedebista.

Em seu parecer, lido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara esta tarde, o parlamentar fez diversas críticas ao Ministério Público Federal (MPF).

As acusações de obstrução de Justiça e organização criminosa foram apresentadas pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot no dia 14 de setembro, três dias antes de deixar o cargo.

Andrada alegou que o afastamento de Temer - o que acontece se as acusações forem aceitas e a investigação iniciada - geraria uma crise para o País e disse que é uma “denúncia claramente duvidosa”.

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Todos podem nomear os seus auxiliares de governo. isso faz parte do modelo presidencialista.” Andrada afirmou ainda que a denúncia é baseada em “delações espúrias” e que já foram superadas.

Os depoimentos do empresário Joesley Batista, da JBS, e de Lúcio Funaro, suposto operador do PMDB, iniciaram a investigação. » Brasileiro quer Lula preso e aval a denúncia contra Temer, diz Datafolha » Maia quer votar denúncia contra Temer até 23 de outubro » Temer diz que é preciso enfrentar ‘denúncia sem sentido feita por criminosos’ » CCJ da Câmara pode votar fim do foro depois da denúncia contra Temer Além de Temer, eram acusados os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral da Presidência).

Se dois terços do plenário seguirem o relator, as investigações só poderão ser retomadas quando eles deixaram os mandatos.

Os casos dos outros caciques do PMDB denunciados - Eduardo Cunha, Henrique Alves, Geddel Vieira Lima e Rodrigo Rocha Loures - não precisam passar pela Câmara e serão analisados apenas pela Justiça.

Janot afirma na denúncia que os acusados receberam pelo menos R$ 587 milhões de propina.

O ex-procurador-geral diz que eles praticaram ações ilícitas em troca de propina através de órgãos como Petrobras, Furnas, Caixa Econômica Federal, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados.

Temer é apontado como líder da suposta organização criminosa desde maio de 2016.