Estadão Conteúdo - Advogado de defesa do presidente Michel Temer (PMDB), Eduardo Carnelós, afirmou nesta terça-feira (10) em discurso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra seu cliente tem como “vértice” a criminalização da atividade política.

Para ele, a peça acusatória é “inepta” e deve ser rejeitada pelos deputados, pois não apresenta provas, a não ser a palavra de delatores. “A denúncia apresentada nos termos que se deu é libelo contra a democracia representativa.

Ela tenta imputar a homens que dedicaram vidas à política a prática criminosa”, afirmou Carnelós.

Além de Temer, a PGR denunciou os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).

Os três foram denunciados por organização criminosa.

Temer, por sua vez, foi denunciado também sozinho por obstrução de Justiça.

LEIA TAMBÉM » Relator recomenda rejeição da segunda denúncia contra Temer O advogado questionou a falta de provas da denúncia apresentada pelo ex-procurador-Geral da República Rodrigo Janot, que deixou o cargo em 17 de setembro. “Será respeitoso acusar o presidente da República com base em denúncia sem provas, a não a ser a palavra de malfeitores confessos.

Será isso respeitoso?”, declarou Carnelós em seu discurso, ressaltando ainda que os fatos narrados aconteceram antes de Temer assumir a presidência da República.

A defesa afirmou que, para “escapar” de punições que seriam impostas pelo Ministério Público, os donos do grupo J&F, que controla o frigorífico JBS, se dispuseram a atender às pretensões de Janot.

O advogado negou, porém, que esteja fazendo ataques pessoais à figura de Janot. “A defesa atacou e o faz novamente os métodos sórdidos usados por vossa excelência.

E os métodos tem de ter qualificados”, afirmou.

Carnelós ainda elogiou o relator da denúncia na CCJ, deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que apresentou parecer pela rejeição da denúncia contra Temer e ministros.

Citando passagem bíblica, o advogado afirmou que o relator “seguiu os ensinamentos de Cristo”. “Vossa excelência não se intimidou, como ninguém duvidou.

Vossa excelência os tratou como merecem ser tratados”, disse.