O líder da oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE) levou à Comissão de Direitos Humanos do Parlamento do Mercosul, que está em sessão nesta segunda-feira (9), em Montevidéu, capital do Uruguai, uma crítica às ações contra manifestações culturais no País.
O petista afirmou estar preocupado com o “autoritarismo” e citou o Movimento Brasil Livre (MBL) e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), pré-candidato à presidência. “Temos visto que esse autoritarismo, que inclui o empastelamento de exposições de arte, o fechamento de museus e a tentativa de proibir a impressão de livros, encontra respaldo em parte do Ministério Público e do Judiciário brasileiros”, declarou. “É importante que o Parlasul esteja atento a esse movimento.
Não podemos permitir que seja ampliado.” Humberto Costa falou sobre o cancelamento da mostra Queer museum: Cartografias da diferença na arte brasileira, pelo Santander Cultural de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, após ação de integrantes do MBL apontando “imoralidade, blasfêmia, pedofilia e zoofilia”.
A exposição estava aberta havia cerca de um mês e tinha 270 trabalhos de 85 artistas, entre eles Adriana Varejão e Cândido Portinari, sobre questões de gênero e de diversidade sexual.
O movimento recebeu apoio do prefeito da cidade, Nelson Marchezan Júnior (PSDB).
A polêmica mais recente em que o MBL se envolveu foi sobre a participação de uma criança em uma performance protagonizada por um homem nu no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM).
Fotos e vídeos mostram a menina tocando os pés do artista, que estava imóvel e deitado sobre o chão.
Ela foi ao museu acompanhada da mãe.
A performance, intitulada La Bête, era uma leitura interpretativa da obra Bicho, de Lygia Clark, e, segundo a instituição, não tem conteúdo erótico. “Não podemos permitir que uma entidade que se dizia sem posição partidária e sem financiamento de partidos políticos, duas grandes mentiras, como sabemos hoje, faça campanha contra a diversidade cultural no nosso País”, defendeu Humberto Costa. “Eles querem proibir até a exibição de peças de teatro.
Isso é um absurdo que não podemos concordar.” No caso de Bolsonaro, o senador reclamou da defesa dele pela revogação do Estatuto do Desarmamento e pela liberação das armas.
Com a crise na segurança nos últimos anos, a sugestão atrai seguidores. “Esse senhor já foi condenado por defender o estupro e por racismo, mas, hoje, infelizmente, ele ainda aparece em pesquisas de intenção de voto”, lamentou. “Esperamos que não por muito tempo.” Bolsonaro tem aparecido em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás de Lula (PT).
Bolsonaro foi condenado a pagar indenização de R$ 50 mil por danos morais por declarações contra quilombolas - o deputado afirmou, por exemplo, que visitou uma comunidade e “o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas” e que “não fazem nada, eu acho que nem pra procriador servem mais”.
Antes disso, o parlamentar havia sido condenado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) a indenizar a também deputada Maria do Rosário (PT-RS) por ter afirmado publicamente que não a estupraria “porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria.
Eu não sou estuprador, mas, se fosse, não iria estuprar, porque não merece”.