Na coluna Pinga Fogo Quem nunca ouviu a expressão “bandido bom é bandido morto”?
Diante da onda de violência, é no Nordeste onde a população brasileira tem maior propensão a posições autoritárias, informa uma pesquisa divulgada nesta sexta (6) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
A entidade contratou o Instituto Datafolha para pesquisar o chamado Índice de Apoio a Posições Autoritárias.
Em uma “nota” de zero a dez, o Nordeste apresentou índice de 8,4, acima da média de todo o Brasil, 8,1.
A nota do Sudeste foi a menor, 7,9, mas também é alta.
O medo do crime e da violência, somado à sensação de “terra devastada” no Brasil, faz a população acreditar em “salvadores” políticos, seja à esquerda ou à direita, concluem os pesquisadores.
Quem ignora Jair Bolsonaro?
Destino de Lula, líder nas pesquisas, vai definir quem será o candidato do PSDB em 2018 Segundo a pesquisa, o choque entre grupos que defendem os direitos civis, sociais e humanos, de um lado, e do outro a de que o cidadão tem a liberdade de matar se assim julgar que foi ameaçado, não impedem que ambos pratiquem o culto a personalidades autoritárias. “Os dados sugerem que estas posições coabitam com as posições autoritárias, inclusive, em alguns casos, com ambas sendo permeadas pela valorização de figuras de autoridade e oposição ao diferente”.
De acordo com a pesquisa, o resultado demonstra a explosão da criminalidade e da “Justiça pelas próprias mãos” inclusive entre os criminosos: “Em termos mais estruturais, a variável que melhor ajudaria a explicar este comportamento do índice seria, mais uma vez, a violência, que nos últimos anos tem passado por transformações que a deslocam de um padrão social mais difuso para um padrão que correlaciona a permanência de códigos de honra e conduta que sugerem a sua utilização como instrumento de regulação social com a falência do modelo de “guerra” que pauta nossas políticas criminais e penitenciárias e, por conseguinte, com o crescente poder do crime organizado e das facções na regulação da vida dentro e fora das prisões”.
O texto, sem citar nomes ou programas de governos estaduais específicos, se refere ao fracasso de iniciativas como o Pacto Pela Vida – programas focados na segurança pública que deram certo, inicialmente, e depois reverteram os resultados .”O Nordeste talvez possa ser visto como proxy da influência combinada de todas as variáveis dispostas no Índice de Propensão ao apoio a Posições Autoritárias, predispondo a população residente nesta região à uma maior propensão a posturas autoritárias, desde que tenham alguma perspectiva e/ou saída para as graves crises enfrentadas.
Ainda mais depois que, por exemplo, vários programas estaduais de redução da criminalidade parassem de surtir efeito e, ato contínuo, que as taxas de crimes violentos na macrorregião explodissem”.
Por fim, sobre o Nordeste, os pesquisadores criticam a insistência dos governantes na região, que vinculam a criminalidade violenta na região somente ao tráfico de drogas. “A rápida mudança no padrão da criminalidade violenta no Nordeste e a insistência das autoridades em vinculá- la exclusivamente à dinâmica do tráfico de drogas parece tensionar ainda mais uma população que historicamente construiu sua identidade e suas representações sociais em laços de solidariedade que, na atualidade, são postos a prova pelas diversas transformações da sociedade brasileira e pelas contínuas crises e déficits civis acumulados”.