O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), acusou o governo Michel Temer (PMDB) de se preocupar apenas com a sobrevivência política do presidente. “Não é possível que a gente tenha uma condição com tanto desemprego, tanta confusão e as pessoas só pensem em sobrevivência política”, afirmou em entrevista à Rádio Jornal nesta quinta-feira (5). “O Estado é para servir ao povo, não aos projetos pessoais das pessoas.” Paulo Câmara vê que, com conjuntura política, há uma falta de foco na administração. “Não temos nada planejado.

Tudo é feito a toque de caixa, tudo sem explicação, sem transparência, de uma forma com que eu não concordo”, disse.

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Temer foi acusado pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de ser “chefe” do suposto “quadrilhão do PMDB” em 2016.

Além dele, são acusados caciques do partido, incluindo os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral).

A denúncia aponta que o suposto esquema gerou pelo menos R$ 587 milhões de propina por ações ilícitas através de órgãos como Petrobras, Furnas, Caixa Econômica Federal, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados.As novas acusações também têm como base a delação de Joesley Batista, mas tem ainda como elementos depoimentos de Lúcio Funaro, apontado como operador do PMDB, e elementos colhidos pela Polícia Federal em investigação sobre o chamado “quadrilhão” do partido.

A defesa de Temer rechaça as acusações.

Outras críticas Paulo Câmara ainda acusou o governo Temer de não dialogar com ele. “Está cada dia mais difícil ter respostas”, afirmou.

O governador reclamou de não ter recebido resposta para a carta enviada pelos nove gestores do Nordeste questionando a privatização da Eletrobras e, consequentemente, da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf). “Mostre que a gente está errado.

Nem isso tem”, afirmou. » Ministério volta articular viagem de Temer para dar autonomia a Suape » Contra privatização, governadores do Nordeste propõem desvincular a Chesf da Eletrobras » Parlamentares contrários à privatização da Chesf vão à PGR » Em Suape, Fernando Filho reclamou que venda da Chesf e Eletrobras seja usada como palanque Outro exemplo, para o socialista, é com a autonomia do Porto de Suape, que seria dada a Pernambuco em abril, mas, por causa de dois adiamentos de viagens do peemedebista ao Estado - uma devido à votação da reforma trabalhista e outra pela repercussão da delação de Joesley Batista -, é aguardada para este mês.

Após a assinatura do decreto pelo peemedebista, o Estado terá competência para a condução de estudos, a elaboração dos editais, a realização dos procedimentos licitatórios e a celebração dos contratos relativos aos arrendamentos portuários.

Essas responsabilidades eram da União desde 2013, quando Dilma Rousseff (PT) sancionou a Lei dos Portos, o que, para a administração local, criava entraves ao desenvolvimento do terminal portuário.

Hemobrás Paulo Câmara ainda criticou a articulação do ministro da Saúde, Ricardo Barros, para levar a produção do fator VIII recombinante, medicamento para hemofílicos que é o produto com maior valor agregado da Hemobrás, para o Paraná, seu reduto eleitoral. “É uma ação política desnecessária para retirar um ativo de Pernambuco com objetivos que não são esclarecidos, para não dizer outra coisa”, afirmou o governador.

A pedido dos ministros pernambucanos, Temer mandou Barros suspender a articulação.

O ministério chegou a romper unilateralmente o contrato que tem com a Shire para a transferência de tecnologia para a produção do medicamento, mas o negócio foi retomado em decisão liminar da Justiça do Distrito Federal.

Em sessão nessa quarta-feira (4), o Tribunal de Contas da União (TCU) também expediu uma medida cautelar impedindo a pasta de suspender o acordo.