Por Luciano Siqueira, especial para o Blog de Jamildo Todos torcemos para que a crise passe e, afinal, nosso país tão rico em potencialidades e o nosso povo tão inventivo e trabalhador possam seguir um curso promissor.

Mas é inevitável reconhecer que estamos metidos num “rolo” muito mais complexo do que parece.

Todo o noticiário (e os lances protagonizados pelos “três poderes” da República) passa a impressão de que o bate cabeças institucional não terá solução em curto prazo — o que é verdade.

O Executivo, sob a chefia de um presidente que oscila entre 3 a 5% de aprovação e envolto no lamaçal; o Legislativo acuado por denúncias e processos que se multiplicam intermináveis e pulverizado pela ausência de líderes e bancadas minimamente coerentes; e o Judiciário a cada dia mais midiático e partidarizado, a julgar pelo desempenho do STF - constituem a tríade que arrasta a nação para impasses sucessivos.

Se essa equação por si mesma assusta, tanto pela inanição institucional que provoca como pelo espaço que abre à perigosa ideia de uma intervenção militar, pior ainda é o cenário quando se visita a profundidade da crise.

Sim, se a superfície é ruim, o mergulho por entre camadas mais embaixo revela o tamanho dantesco do problema.

Estamos aprofundando problemas antigos e gerando outros que, em seu conjunto, atrasarão o desenvolvimento do país por pelo menos mais duas décadas.

As condições para que o Estado aja como indutor do desenvolvimento e preserve a soberania nacional são minadas diariamente.

O imberbe e manipulado ministro das Minas e Energia, por de exemplo, a cada instante faz nova declaração de intenções no sentido de privatizar tudo o que é estratégico para a economia nacional e que está sob a sua jurisdição.

Enquanto isso, os arautos neoliberais que ocupam postos chaves na grande mídia monopolizada batem na tecla já esfarrapada de que a crise global está se resolvendo e que, assim, em ambiente externo agora favorável (sic), enfim o Brasil retomará o crescimento.

Hoje cedo, no rádio, ouvi de um deles essa maravilha: “a China cresceu 6.5 no semestre e isso mostra um quadro de recuperação da economia brasileira”.

Que tem a ver o seu nariz, caro leitor, com o papagaio do vizinho!?

Nesse contexto, cabe valorizar as eleições gerais previstas para outubro de 2018.

E ir além do troca-troca de legendas e de escaramuças entre possíveis oponentes.

Formular propostas de superação da crise deve estar no centro dos esforços das correntes políticas efetivamente comprometidas com a nação e a sorte do nosso povo.