Em entrevista ao cientista político Antônio Lavareda, no programa 20 minutos, da TV Jornal, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, atribuiu parte da responsabilidade sobre o crescimento da violência à crise fiscal vivida pelos estados e falou sobre a chegada de representantes do tráfico de drogas à política.

Em meio à operação das Forças Armadas na Rocinha, que está programada até o último dia do governo Michel Temer (PMDB), afirmou: “não queremos que o Rio de Janeiro seja o Brasil amanhã”.

Jungmann defendeu a ação no Rio de Janeiro argumentando que o poder do tráfico nas comunidades levou o crime à política, principalmente ao Poder Legislativo. “O crime organizado, o narcotráfico, a grande bandidagem têm o controle dessas comunidades, com 1 milhão de pessoas.

Quem tem isso tem também o controle do voto e elege seus representantes”, explicou. “Isso significa dizer que, dentro do nosso presidencialismo de coalizão, você pode ter representantes do crime dentro dos parlamentos, seja municipal ou estadual, indicando nomes do próprio Estado.

O Rio de Janeiro hoje convive com um estado paralelo, capturado pelo crime organizado.” Apesar de citar o Rio, Jungmann afirma que esse não é um problema apenas do estado, mas que alcança, em graus diferentes, outras unidades da federação.

Pernambucano chegou a afirmar que aqui a violência é maior do que no Rio na semana passada, ficando no alvo de críticas de aliados do socialista.

Na entrevista a Lavareda, porém, culpou a crise pelo problema e afagou o governador Paulo Câmara (PSB). “Inibe de fazer os investimentos que eu tenho certeza que o governador Paulo Câmara gostaria de fazer”, afirmou, após sugerir mudanças na condução da política de segurança do Estado.

Para o ministro, Pernambuco deveria realizar concurso para a Polícia Militar, para ampliar o policiamento ostensivo.

Além disso, deveria reforçar o serviço de inteligência e agir nessa área em conjunto com Ministério Público, Polícia Rodoviária e Polícia Federal.

Jungmann ainda defendeu a expansão do sistema prisional, aumentando a capacidade de ressocialização.

Hoje, o Estado tem 29,9 mil presos para 10,9 mil vagas. “Por último, ter continuidade nas políticas públicas, perseguir constantemente resultados”, afirmou.

A declaração vem no terceiro ano de resultados negativos do Pacto pela Vida, programa com o objetivo de reduzir o número de homicídios e que era vitrine do governo Eduardo Campos (PSB).

O ano com menor índice de assassinatos foi 2013, após seis anos de queda, com 3.102.

Só nos oito primeiros meses de 2017 foram registrados 3.735.

Levando o problema para âmbito nacional, Jungmann afirmou ainda que “temos uma ineficiência sistêmica no aparato jurídico e de segurança”.