O ministro da Defesa, Raul Jungmann, admitiu em entrevista ao cientista político Antônio Lavareda, no programa 20 minutos, da TV Jornal, que, com os cortes orçamentários previstos, os recursos atuais das Forças Armadas têm capacidade de mantê-las, mas atingem os investimentos. “Cada vez mais defesa é tecnologia”, afirmou. “Nós temos o compromisso de manter a capacidade, mas é preciso ir além, modernizar.
Não temos ameaça hoje, mas perca a sua capacidade de defesa e as ameaças surgirão imediatamente”, disse ainda.
Jungmann também reconheceu a dificuldade de monitorar todos os 17 mil quilômetros de fronteiras brasileiras, apesar de enfatizar que as Forças Armadas tem feito operações para evitar o narcotráfico nessas áreas.
O ministro alegou que, dos dez países com que o País tem fronteira, quatro são produtores de drogas. “Não há solução possível só do lado de cá da fronteira, tem que ter parcerias com os outros países e isso eu tenho feito o tempo todo”, afirmou.
Para ele, deveriam ser criadas duas polícias especializadas nessas áreas: uma de fronteira e uma sul-americana, esta administrada pelos presidentes de todos os países.
Com a vizinha Venezuela em crise política e à beira de uma guerra civil, Jungmann afirmou que as Forças Armadas têm atuado na fronteira, organizando os campos de recepção, e que o governo se preocupa com os cerca de 30 mil brasileiros que estão no país.
O ministro apontou que a situação pode gerar intervenção de potências em uma área do continente onde o Brasil é potência. “Temos que estar preparados e já temos um plano de contingência.
Eu não sou otimista com relação ao futuro da Venezuela”, afirmou.
Para ele, o país rompeu com a democracia com a Assembleia Constituinte. “Geralmente a transposição de regimes democráticos para autoritários, sobretudo de esquerda, implica na criação de um poder popular, como de diz, mas que na verdade é base de sustentação do governo; no esvaziamento de todas as outras instituições; e na restrição de liberdades individuais.”