Para o professor da FGV Direito Rio Michael Mohallem não é apenas o quadro econômico e os casos de corrupção que resultaram no baixo apoio ao presidente Michel Temer apresentado na última pesquisa de avaliação da sua gestão.

Segundo ele, o histórico do político desde sua chegada ao mais alto posto da República colabora para o resultado negativo – um dos piores da história do país. “O presidente Michel Temer já chegou à presidência com uma certa percepção de ilegitimidade por parte da população.

Por outro lado, os que o apoiaram acreditaram que os níveis de corrupção iriam diminuir, mas não foi isso que aconteceu.

A operação Lava Jato chegou ao centro do poder logo no primeiro mês após sua posse, quando quatro ministros tiveram que sair por graves denúncias”, analisa Michael Mohallem.

O professor da FGV Direito Rio lembra que Michel Temer passa por diversos desafios desde que assumiu.

Michael Mohallem lembra que o caso decisivo foram as gravações dos empresários da empresa JBS. “A trajetória de acontecimentos no campo da corrupção é quase diária.

Isso dificulta uma estabilidade.

Aliado a isso, o grande número de desempregados e endividados deixa a população insatisfeita”, destaca.

Questionado sobre a frase do presidente Temer que diz preferir “ser impopular a ser populista”, Michael Mohallem ressalta que muitos governos conseguiram ter bons níveis de popularidade sem praticar políticas populistas. “Sabendo que é impopular desde que assumiu, Temer articulou um apoio muito forte na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

A partir disso, ele consegue engrenar uma agenda que agrada uma elite empresarial, caso do Teto de Gasto e da Repatriação”, destaca o especialista.

Em relação à carreira política do presidente, o professor da FGV acredita que Temer dificilmente vai concorrer em outra eleição. “Pela idade avançada, 2022 fica muito improvável.

Outra possibilidade é Temer sofrer processos em outras instâncias após perder o foro privilegiado de presidente.

Acredito que, no máximo, será presidente de honra do PMDB”, opinou.