O presidente da Câmara Municipal, vereador Denis Alves (Podemos), que não se furta a se apresentar como um dos denunciantes dos supostos esquemas de fraudes da prefeitura, desejou boa sorte ao novo chefe do Executivo. “Anseio, assim como todos são-lourencenses, que a gestão de Gabriel traga um novo rumo de prosperidade e avanços para nossa cidade.
Estarei à disposição para contribuir nessa nova gestão, e desejo desde já, sucesso nesta nova fase”, disse Denis Alves.
O vice-prefeito de São Lourenço da Mata, Gabriel Neto (sem partido), assumiu, interinamente, na manhã da última quarta-feira (27), a Prefeitura.
O político e médico, que havia rompido com o então prefeito Bruno Pereira (PRB), logo após o inicio de sua gestão, retoma os trabalhos agora como chefe do Executivo.
De acordo com o novo prefeito da cidade, o seu mandato será voltado ao povo. “Irei cumprir a Constituição Federal e honrarei o meu mandato, lutando contra corrupção em nossa cidade, e trabalhando para o povo de São Lourenço da Mata, que hoje anseia por mudanças.
Assim, iremos juntos promover a verdadeira mudança em nosso município.
Bem como, quero adiantar que todos os serviços essenciais irão continuar, nenhum será paralisado, como saúde, educação, segurança e coleta de lixo”, disse Gabriel Alves.
Operação Tupinambá As investigações foram feitas pela Delegacia de Crimes Contra a Administração e Serviços Públicos (DECASP), e iniciaram há três meses.
Na manhã da última terça-feira (26), a 35º operação de repressão qualificada do ano, da Polícia Civil, foi deflagrada, cumprindo 14 mandados de busca e apreensão, contra o prefeito Bruno Pereira, empresários e servidores municipais nas cidades de São Lourenço da Mata, Recife, Camaragibe, Caruaru e Bezerros.
As denúncias foram feitas ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e ao Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE), que atuaram conjuntamente com a Polícia Civil.
O petebista havia sido afastado por tempo indeterminado e foi proibido de acessar a prefeitura por determinação do desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), Odilon de Oliveira Neto.
Na manhã desta quarta-feira (27), durante coletiva de imprensa do MPPE, TCE-PE e Polícia Civil, no Recife, a promotora do MPPE, Mariana Vila Nova, voltou a falar em esquemas de fraudes e desvio de verbas públicas.
Polícia não encontra documentos de licitações em São Lourenço Com as contratações da prefeitura de São Lourenço da Mata investigadas na Operação Tupinambá, documentos dessas licitações não foram encontrados na sede da gestão nessa terça-feira (26), quando a Polícia Civil esteve no local para cumprir um dos 14 mandados de busca e apreensão.
A ação aconteceu no mesmo dia em que foram afastados o prefeito, Bruno Pereira (PTB), quatro servidores e dois secretários municipais – a de Finanças, Jucineide Pereira de Melo, e o de Saúde, Breno Nogueira. “Das duas uma: ou eles sumiram com os documentos ou sequer fizeram a licitação.
As duas coisas são crimes”, afirmou a promotora do Patrimônio Público Mariana Vila Nova.
Apenas alguns foram guardados pelo Tribunal de Contas, que tirou cópias deles ao investigar suspeitas sobre a contratação de shows de artistas como Wesley Safadão para a festa do padroeiro da cidade, que seria em agosto, a um custo de R$ 4 milhões.
LEIA TAMBÉM » Polícia apreende R$ 23 mil na casa do prefeito de São Lourenço » Prefeito de São Lourenço da Mata é afastado por suspeita de desvio de bens A delegada responsável pela Operação Tupinambá, Patricia Domingos, argumentou que esses documentos que comprovam as licitações deveriam estar dentro da prefeitura e que, caso se comprove que houve a destruição ou a ocultação dolosa, ou seja, intencional, os responsáveis poderão ser processados.
O pedido para que o prefeito, os secretários e os servidores fossem afastados foi para impedir interferências nas provas dos supostos crimes.
As suspeitas são de superfaturamento e ausência de licitação, após denúncias de moradores e vereadores, incluindo o presidente da Câmara, Denis Alves (Podemos).
Diferença de quase R$ 160 mil Entre os casos investigados está o de um paciente transplantado que recebia ajuda de custos da prefeitura para fazer tratamento no Recife.
Enquanto a gestão registrava o pagamento de R$ 160 mil, os extratos bancários apontavam que ele recebia R$ 150 por mês.
Também na área de saúde os investigadores apontaram que uma empresa de Bezerros, no Agreste, recebeu mais de R$ 1 milhão para fazer exames de ultrassonografia em São Lourenço.
Porém, as duas cidades estão a mais de 100 quilômetros de distância.
Para eles, houve ainda irregularidades no Hospital Petronila Campos, reinaugurado este ano por Bruno Pereira.
Lá, eram gastos R$ 180 mil para a compra de remédios e insumos, enquanto em levantamento de um hospital privado o custo dos mesmos medicamentos foi apontado em R$ 35 mil.
A promotora Mariana Vila Nova afirmou que chegou a procurar a prefeitura para que ela apresentasse a sua versão dos fatos durante as investigações, mas não obteve respostas. “A prefeitura não respondeu, então chegou a um ponto em que eu tive que acionar a polícia e o Tribunal de Contas”, explicou.
No TCE, o auditor Alfredo Menezes verificou que houve alterações dos lançamentos feitos pela prefeitura no sistema Tome Conta. “Havia muitos valores menores, outros que desapareceram e depois voltaram.
Não tinham consistência os valores que colocavam lá”, afirmou.
Segundo Menezes, a gestão alegou problemas técnicos para os erros, mas essa hipótese, para ele, não poderia ser considerada.