Com as contratações da prefeitura de São Lourenço da Mata investigadas na Operação Tupinambá, documentos dessas licitações não foram encontrados na sede da gestão nessa terça-feira (26), quando a Polícia Civil esteve no local para cumprir um dos 14 mandados de busca e apreensão.

A ação aconteceu no mesmo dia em que foram afastados o prefeito, Bruno Pereira (PTB), quatro servidores e dois secretários municipais - a de Finanças, Jucineide Pereira de Melo, e o de Saúde, Breno Nogueira. “Das duas uma: ou eles sumiram com os documentos ou sequer fizeram a licitação.

As duas coisas são crimes”, afirmou a promotora do Patrimônio Público Mariana Vila Nova.

Apenas alguns foram guardados pelo Tribunal de Contas, que tirou cópias deles ao investigar suspeitas sobre a contratação de shows de artistas como Wesley Safadão para a festa do padroeiro da cidade, que seria em agosto, a um custo de R$ 4 milhões.

LEIA TAMBÉM » Polícia apreende R$ 23 mil na casa do prefeito de São Lourenço » Prefeito de São Lourenço da Mata é afastado por suspeita de desvio de bens A delegada responsável pela Operação Tupinambá, Patricia Domingos, argumentou que esses documentos que comprovam as licitações deveriam estar dentro da prefeitura e que, caso se comprove que houve a destruição ou a ocultação dolosa, ou seja, intencional, os responsáveis poderão ser processados.

O pedido para que o prefeito, os secretários e os servidores fossem afastados foi para impedir interferências nas provas dos supostos crimes.

As suspeitas são de superfaturamento e ausência de licitação, após denúncias de moradores e vereadores, incluindo o presidente da Câmara, Denis Alves (Podemos).

Diferença de quase R$ 160 mil Entre os casos investigados está o de um paciente transplantado que recebia ajuda de custos da prefeitura para fazer tratamento no Recife.

Enquanto a gestão registrava o pagamento de R$ 160 mil, os extratos bancários apontavam que ele recebia R$ 150 por mês.

Também na área de saúde os investigadores apontaram que uma empresa de Bezerros, no Agreste, recebeu mais de R$ 1 milhão para fazer exames de ultrassonografia em São Lourenço.

Porém, as duas cidades estão a mais de 100 quilômetros de distância.

Para eles, houve ainda irregularidades no Hospital Petronila Campos, reinaugurado este ano por Bruno Pereira.

Lá, eram gastos R$ 180 mil para a compra de remédios e insumos, enquanto em levantamento de um hospital privado o custo dos mesmos medicamentos foi apontado em R$ 35 mil.

A promotora Mariana Vila Nova afirmou que chegou a procurar a prefeitura para que ela apresentasse a sua versão dos fatos durante as investigações, mas não obteve respostas. “A prefeitura não respondeu, então chegou a um ponto em que eu tive que acionar a polícia e o Tribunal de Contas”, explicou.

No TCE, o auditor Alfredo Menezes verificou que houve alterações dos lançamentos feitos pela prefeitura no sistema Tome Conta. “Havia muitos valores menores, outros que desapareceram e depois voltaram.

Não tinham consistência os valores que colocavam lá”, afirmou.

Segundo Menezes, a gestão alegou problemas técnicos para os erros, mas essa hipótese, para ele, não poderia ser considerada.