A intolerância religiosa foi um dos pontos de debate em evento da Câmara do Recife, nesta terça-feira (26), no bairro de Santo Amaro.

Depois do protesto e lamento iniciados ontem pelo vereador Marco Aurélio(PRTB), foi a vez dos vereadores Amaro Cipriano Maguari (PSB) e Ivan Moraes(PSOL) tocarem na tecla.

Marco Aurélio usou a tribuna da Câmara nesta sessão especial, realizada pela primeira vez fora da sede da Câmara Municipal do Recife e tendo como sede itinerante o Ginásio do Sesc, para chamar atenção para o caso de intolerância que vitimou a chef pernambucana Carmen Virginia, proprietária do restaurante Altar, localizado naquele bairro.

Marco Aurélio alongou-se na defesa dela junto a seus pares por ela ter sido alvo de agressões sofridos através de post no Facebook. “Já que se trata de uma comerciante de Santo Amaro, dona do restaurante Altar, Carmen Virginia, agredida por ser negra, por ser espirita e por usar um turbante na cabeça, mostrando que nos ainda estamos vivendo épocas em que as pessoas não toleram a fé nem a cor do outro”. “Quero aqui deixar minha solidariedade a Carmen Virginia que tem mostrado Pernambuco para o Brasil e o mundo através de sua culinária, e dizer que eu não preciso ser um grande católico, protestante, evangélico e nem um grande espirita pra poder fazer com que a maior lei que Deus nos deu que foi o livre arbítrio possa ser cumprida.

Cada um tem o direito de fazer o que quer e o que gosta.

Portanto é lamentável que nos ainda tenhamos que subir à tribuna para repercutir uma coisa negativa que é tratar de cor, de religião e muitas vezes neste plenário de opção sexual.

Portanto, que todos nós possamos cumprir a maior lei que Deus nos deixou que é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.

Se fizermos isso, teremos menos coisas ruins pra falar e teremos um Recife melhor”, discursou.

Os vereadores Maguari e Ivan Moraes apoiaram o pronunciamento de Marco Aurélio dizendo, no caso de Ivan, que todos ali precisavam muito dialogar pelo caso de Carmen e de outros segmentos vulneráveis, que veem sendo vitimas de acirramento de ânimos, que prejudicam a sociedade com um todo e de onde surgem cada vez maior número de denuncias.

Evento político A Câmara Municipal do Recife realizou hoje a primeira sessão ordinária fora da casa José Mariano.

Com cadeiras e mesas de plástico; ventiladores e tribuna improvisada, os vereadores encenaram as atividades parlamentares que realizam na sede do poder.

O projeto existe desde 2013 e foi criada pela Comissão Executiva da casa.

Contudo, somente neste ano o projeto conseguiu força para ser realizado. “O programa tem como objetivo a participação da sociedade na elaboração de ator normativos que tratem de matérias referentes ao interesse o povo recifense.” afirmou o presidente da Câmara Municipal, Eduardo Marques (PSB).

Moradores do bairro compareceram ao local e líderes comunitários discursam pelo tempo de cinco minutos, assim como os parlamentarem fazem regularmente.

Henrique Tranqüilino da Silva, Patrícia Olímpia da Silva, Reginaldo Alves e Edilene da Silva Andrade abordaram temas como educação, segurança e drogas.

Ambos requereram mais investimentos por parte do município nessas áreas.

Sendo os bairros dos vereadores Marcos DiBria (PSDC) e Alcides Teixeira Neto (PRTB), parte da sessão acabou sendo dedicada à trajetória de ambos os mandatos.

Faixas espalhadas pelo ginásio e “torcida organiza” deram à sessão um tom de palanque. “Eu gostaria de pontuar que esse evento é da Câmara de vereadores do Recife.

Isso aqui não é evento de vereador “A”, “B” ou “C”.

Todos nós somos vereadores da cidade e representamos também o bairro de Santo Amaro.

Prestar serviço a ele é mais do que nossa obrigação.

Quero que fique claro que nenhum vereador trouxe isso aqui (sessão externa), mas sim a mesa diretora.”, criticou Michele Collins.