Antes de divulgar uma nota oficial sobre o entrevero, com o auxiliar de Paulo Câmara, pelas redes sociais, o deputado federal Betinho Gomes, do PSDB, respondeu às críticas do secretário de Planejamento, Márcio Stefanni, chamando-0 de desqualificado.

Betinho havia sido chamado de terrorista e de ignorante, Caro Jamildo, Lamento profundamente que um secretário de Estado, que ocupa um papel relevante dentro da estrutura do governo de Pernambuco, reporte-se a um parlamentar, eleito democraticamente pelo voto popular, de maneira tão desrespeitosa e leviana.

Esse tipo de atitude deve ser rechaçada, uma vez que estou cumprindo com a minha responsabilidade de buscar informações relevantes e de interesse do Estado.

Como todos sabem, as últimas cheias na Mata Sul levaram dor e desassossego à região, fato já ocorrido em 2010, momento em que se iniciou os projetos da construção das barragens para conter as enchentes.

Porém, os recursos foram insuficientes.

Este ano, quando as chuvas novamente afetaram a Mata Sul, o Governo do Estado e o Governo Federal se reuniram para discutir ações no sentido de recuperar os estragos provocados pelas chuvas.

Para isso, o governo de Pernambuco pleiteou à União a liberação do financiamento que já estava em negociação junto ao BNDES, no valor de R$ 600 milhões.

Neste momento, o governo estadual anunciou que parte desses recursos seria destinado à retomada das construções das barragens.

Fato, esse, publicado e amplamente divulgado na imprensa.

Cumprindo o meu dever de representante do povo de Pernambuco e preocupado com a demora na liberação desses recursos, acionei a assessoria do BNDES em Brasília para verificar o andamento da liberação do financiamento.

E a resposta que obtive de um servidor de carreira do banco, que representa a presidência do BNDES em Brasília, foi de que o financiamento estava prestes a ser assinado, no entanto, os recursos seriam direcionados não para as barragens, mas para obras viárias e de abastecimento. É deplorável a postura do senhor secretário que, no lugar de responder ao questionamento que fiz, parte para a agressão pessoal de forma torpe e deselegante. É obrigação do secretário responder aos questionamentos levantados e dizer concretamente se os recursos que estão prestes a ser liberados pelo BNDES serão destinados ou não à construção das barragens conforme fora prometido ao povo pernambucano, especialmente o da Mata Sul.

Inclusive, tal compromisso foi reafirmado em reunião com a bancada de Pernambuco, na presença de representantes do próprio governo do Estado.

Espero, sinceramente, que o governador de Pernambuco repreenda a atitude desrespeitosa e agressiva do seu secretário contra um parlamentar que está exercendo seu papel de fiscalizador.

Quero assegurar que tal atitude não vai me intimidar e que continuarei a defender os interesses de Pernambuco e da nossa população.

Betinho Gomes Deputado Federal Entenda a polêmica Entenda a polêmica O deputado federal Betinho Gomes (PSDB) disse nesta sexta-feira que o financiamento de R$ 600 milhões que está prestes a ser liberado pelo BNDES ao governo de Pernambuco pode não contemplar a construção das barragens, particularmente na Mata Sul, como foi anunciado no período das últimas enchentes pelo governador Paulo Câmara.

O parlamentar disse que a informação foi obtida a partir de uma consulta feita pelo parlamentar à assessoria do BNDES após o encaminhamento recente de um ofício ao banco com pedido de informações sobre o referido financiamento.

Os recursos, segundo o tucano, estão destinados apenas a obras viárias e de abastecimento de água.

Para o parlamentar, se essa informação for confirmada, significará uma traição aos pernambucanos da Mata Sul. “O governo do Estado assumiu publicamente o compromisso de que esse recurso seria utilizado também para se investir nas construção das barragens.

E, agora, de maneira surpreendente, essa informação a que tive acesso de que o dinheiro do BNDES será destinado a obras viárias e de abastecimento”, lamenta.

Nas últimas enchentes que atingiram o Estado, em maio passado, o governo federal assumiu o compromisso junto ao governo estadual de liberar os recursos do BNDES, os quais, em parte, deveriam ser investidos na retomada da construção das barragens da Mata Sul.

Stefanni chamou Betinho Gomes de ignorante e terrorista.

O secretário de Planejamento do Estado, Márcio Stefanni, ligou a metralhadora giratória contra o tucano. “O governo Paulo Câmara tem a marca da transparência e da responsabilidade e, por conta disto, não está aberto a aventureiros.

Se puder ter acesso a operações de crédito, tanto melhor.

Agora não pode compactuar com a ignorância do deputado, que não conhece o rito do BNDES, ou sua tentativa de fazer terrorismo com as pessoas, com proselitismo barato, falando às pessoas que sofreram com as enchentes”, disse.

Antes de entrar na questão das barragens, o auxiliar de Paulo Câmara, funcionário de carreira do BNDES, criticou o deputado tucano pela relatoria do projeto de lei que promoveu a mudança da TJLP para TLP no banco de fomento. “Betinho Gomes é proscrito no BNDES (depois de defender a TLP no lugar da TJLP).

Deve ter sido por isto que ele pegou estas informações com um ex-diretor que foi demitido pelo atual presidente porque discordava da TJLP.

No que toca esta mudança, que submete investimentos estratégicos ao custo de mercado, a única explicação possível é o provincianismo do deputado.

Em todo lugar do mundo há juros diferenciados para longo prazo. É assim na Alemanha, no Japão, na França, na China… o problema é que o deputado, quando se fala em mercado, conhece apenas o Mercado de Cavaleiro, para onde deveria voltar com o pai (ex-prefeito de Jaboatão Elias Gomes)”, ironizou.

O secretário disse que Paulo Câmara pediu a Temer, não tendo sido atendido até agora, uma inversão do rito.

Normalmente, o banco aprova um financiamento após apresentação do projeto. “Estamos hoje fazendo os levantamentos do remanescentes das barragens.

O BNDES pede o contrato de obras e a gente não sabia o que iria licitar. É ignorância do deputado em relação ao rito do BNDES.

O projeto nem foi enquadrado.

Aliás, deve ser dito que o governo do Estado pode nem contratar com o banco, depois do fim da TJLP.

Vai ficar mais caro, o povo de Pernambuco vai pagar mais caro (pelo financiamento)”, comparou.

Márcio Stefanni disse que não era uma novidade e que Lula, em 2010, já havia atendido, em menos de 40 dias, um pedido de Eduardo Campos para aprovação de crédito. “Já o governo Temer negou, até agora”.

Para demonstrar esta má vontade do governo Federal com a gestão Paulo Câmara, o secretário de Planejamento citou, como exemplo, o custeio das quatro barragens restantes, depois da conclusão da barragem de Serro Azul. “Nestes contratos, a contrapartida do governo do Estado era R$ 15 milhões e a gente já desembolsou R$ 80 milhões.

Já o governo Federal deveria colocar R$ 210 milhões e só realizou até agora R$ 89 milhões.

Tudo isto em meio a um grande esforço de ajuste fiscal”, disse. “Por tudo isto, Betinho Gomes parece estar tendo aulas de terrorismo com Kim Jung-un (ditador da Coreia do Norte e armamentista).

Ele ignora até o trabalho dos pares, pois na LDO de 2018 as emendas de bancadas dos pernambucanos vão ser destinadas à conclusão das barragens”, alfinetou.