Por Luciano Siqueira, especial para o Blog de Jamildo Onde falta o pão, todos brigam e nenhum tem razão - ensina o adágio popular.

Na cena política, aqui e alhures, bem que se pode dizer que onde faltam equilíbrio e descortino estratégico, muitos brigam e nem sempre fica claro quem tem razão.

Isto porque há uma evidente defasagem, ou desencontro, entre os problemas reais que afligem a nação, e repercutem em cada lugar, e o conteúdo do debate na esfera político-partidária.

Se o pano de fundo crônico é a fragilidade predominante no espectro partidário brasileiro, a instabilidade política e institucional de agora agrava mais ainda o problema.

A reforma política parcial ora em debate no Congresso, ela própria objeto de verdadeira babel, certamente se concluirá sem resolver problemas essenciais.

Então, inseguros quanto ao ambiente social e político e as regras do jogo a vigorarem no pleito de 2018, líderes e grupos alojados em diversas legendas precipitam démarches em torno de candidaturas e alianças.

Compreensível que assim aconteça, reconheçamos.

Entretanto, deprimente é que os conflitos daí decorrentes se explicitam despidos de ideias e propostas concretas para o enfrentamento dos problemas reais que compõem o drama nacional e os desafios locais.

Em alguns casos, a disputa se faz a biografia deste ou daquele oponente — acentuando supostas virtudes ou defeitos.

O que quase nada tem haver com a continuidade da recessão econômica e de suas terríveis consequências sociais ou com o desmonte do Estado nacional, retroagindo o país à condição de ameaçado de recolonização.

E assim procedem próceres partidários e pretendentes a cargos majoritários, como que alheios à agenda objetiva e às necessidades e aspirações da população.

E o fosso que os separa da sociedade se aprofunda, tanto quanto a subestimação que parecem fazer do grau de desgaste das agremiações partidárias, dos políticos e da atividade política – muito maior dói que o realmente merecido, diga-se, e proporcional ao tratamento midiático.

Tivéssemos um sistema eleitoral fundado em listas preordenadas pelos partidos para a disputa de cargos legislativos, o eleitor estaria condicionado a escolher programas e não indivíduos; e os pretendentes ao voto, levados a defenderem sistemas de ideias no lugar de proposições pontuais e não raro demagógicas.

Os eleitos, além do mais, guardariam fidelidade ao programa partidário consignado pelo seu eleitor.

Mas uma alteração dessa monta carece ainda de consciência social e pressão popular suficientes.

Fica para um futuro menos sombrio do que o presente quadro político brasileiro.