Por Fernando Holanda, especial para o Blog de Jamildo A reforma política pra inglês ver que está sendo proposta pela Câmara dos Deputados começou a ruir definitivamente na noite de ontem. É que tanto o famigerado Distritão quanto o sistema Distrital Misto a partir de 2022 foram rejeitados na Casa.
Não houve consenso, não houve quórum.
E com o tempo se esgotando, parece que a proposta será finalmente enterrada, pois o Congresso só tem até o próximo dia 7 de outubro (um ano antes das eleições) para aprovar qualquer proposta de reforma política.
Como já dissemos aqui, o Distritão nada mais é do que uma tentativa nefasta de os atuais mandatários manterem-se no Poder.
Com este sistema, seriam eleitos para a Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas em 2018 apenas os candidatos mais bem votados.
A ideia fere de morte os partidos e esmaga qualquer chance de uma candidatura segmentada, que represente a agenda de uma minoria, possa se eleger.
Diante da crise política, da corrupção e do empobrecimento do processo eleitoral, o Distritão beneficiaria aqueles candidatos já conhecidos pela maioria da população, sejam eles subcelebridades, atletas e, como não poderia deixar de ser, os próprios deputados que defendem a mudança.
Seria uma pá de cal na tão evidente necessidade de renovação política no Brasil.
Outro retrocesso, o tal Fundão eleitoral, ainda pode avançar na Câmara.
A proposta catapulta o financiamento público das campanhas aumentando o dinheiro destinado aos partidos.
Na prática, o Fundão garante aos caciques partidários a administração de uma verba de até R$ 6 bilhões, que obviamente seriam destinadas às candidaturas mais alinhadas aos seus interesses.
A proposta vai de encontro à ideia de oxigenação dos partidos, de racionalização das campanhas e de engajamento espontâneo das pessoas no processo eleitoral.
Contraria as expectativas de um resgate da representatividade e reforça a força da propaganda sobre a consciência política.
Mas, afinal de contas, o que motiva os Congressistas a cultivarem este afã de mudar as regras eleitorais tão bruscamente e já para 2018?
Será mesmo que a crise política que vivemos é fruto mais do sistema eleitoral do que da corrupção de valores?
Ou será que o desespero em manter-se com o foro privilegiado diante da Operação Lava-Jato anda assolando Brasília? É difícil dar respostas às tantas perguntas.
O fato é que a morte do Distritão pode ser um passo importante para o desmonte de um Congresso que parece insistir em legislar sempre em causa própria.
Não passou, não passarão.