A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as atividades do grupo J&F, holding da JBS, deve começar as oitivas na próxima semana.
O plano de trabalho só será apresentado pelo relator, Carlos Marun (PMDB-MS), mas ele adiantou à Agência Câmara que não deve convocar os irmãos Joesley e Wesley Batista, sócios da empresa, nas primeiras sessões.
Marun afirma que vai aguardar uma definição sobre as provas da delação da JBS, questionadas depois que o acordo de colaboração passou a ser investigada pela Procuradoria-Geral da República. “Não tenho a intenção de fazer os irmãos Batista serem os primeiros convidados a falar.
Eles já mentiram bastante, penso em mandar um requerimento para saber que tipos de provas eles têm”, afirmou o deputado.
A CPMI da JBS deverá investigar supostas irregularidades em empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à J&F.
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Hoje, é da “tropa de choque” do presidente Michel Temer (PMDB), denunciado duas vezes pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot com base na delação da JBS.
Marun pode usar a comissão para mudar as regras e dificultar as delações premiadas.
Uma das propostas é de fixar um prazo para que candidatos a delatores que estejam presos provisoriamente negociem um acordo de colaboração. “Se passar um determinado tempo que o cidadão está encarcerado, não é possível mais delatar”, afirmou o deputado Marun na semana passada.
A escolha de Marun para relatar a CPMI provocou rebelião no colegiado na semana passada.
Ao menos quatro parlamentares deixaram a comissão após ele assumir a função.
E o receio é, justamente, que o governo use a comissão para outros fins, que não seja o de investigar irregularidades envolvendo a JBS.