Depois de um jornalista ir parar no hospital com uma ala na testa, em Caruaru, e vídeos mostrarem uma terra sem lei em plena Boa Viagem, os deputados de Oposição vai pedir ao governador Paulo Câmara a convocação da Força Nacional para o Estado de Pernambuco.

Eles vão protocolar o pedido amanhã, no Palácio do Campo das Princesas, às 9h.

O pedido precisa ter aval do presidente Temer, depois que o governador do PSB eventualmente aceite, o que parece difícil, uma vez que seria visto como uma rendição, pela própria oposição que pede a medida de força. “Estamos vivendo uma situação proporcionalmente muito pior que o Rio de Janeiro, que já conta com o apoio da Força Nacional.

No acumulado dos últimos 12 meses tivemos o registro de 56,9 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes, enquanto no Rio de Janeiro foram 40 mortes por 100 mil.

Vale lembrar que o mínimo aceitável, segundo a ONU, é de 10 por 100 mil”, argumentou o deputado Silvio Costa Filho (PRB), líder da Bancada de Oposição.

No noticiário nacional, os jornais desta semana destacam que a falta de verbas suspende ações de segurança das Forças Armadas no Rio “É para repetir o Rio que a oposição quer a convocação da Força Nacional de Segurança? É para repetir o Rio que eles querem a Força Nacional?”, ironizam auxiliares de Paulo Câmara.

A pressão da oposição aumenta uma vez que,em 2017, já são quase 4 mil homicídios, cerca de 3 mil assaltos a ônibus e mais de 100 roubos a bancos.

A situação chegou a um ponto em que até vereadores da base do governo protestaram contra o governador.

Após um fim de semana de violência em Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) foi cobrado por políticos da base e da oposição.

Não foi diferente na Câmara do Recife, onde o vereador Renato Antunes (PSC) chegou a pedir que o governador vista um colete à prova de balas e vá para as ruas. “Eles precisam tirar a bunda da cadeira e fazer algo, pois não dá mais para conviver neste clima de terror e de insegurança”, afirmou.

O parlamentar sugeriu que o governo solicite apoio da Força Nacional.

No Recife, a oposição aproveita a crise da segurança para avançar com a pauta corporativa e sindical.

O vereador do Recife Rinaldo Junior ‘denunciou’ na tarde desta terça-feira (19) no Plenário da Câmara Municipal do Recife a situação dos 467 concursados para a Guarda Municipal do Recife, que compareceram na sessão.

De acordo com seu discurso, Recife poderia contar com mais Guardas Municipais nas ruas, porém, a situação dos 467 concursados, aprovados no último concurso, aptos ao Curso de Formação, continuam aguardando uma convocação da Prefeitura do Recife. “A PCR vem postergando a nomeação dos mesmos sem justificativa plausível, inclusive soltando vários editais de inicio de curso de formação, sem seu devido cumprimento.

Os Guardas Concursados poderiam reforçar a segurança municipal nos parques, logradouros públicos, hospitais e realizando atividades nos grupos especiais na cidade do Recife, a exemplo do GTO (Grupo Tático Operacional).

Numa época em que Policiais Militares exercem ainda funções típicas da Guarda Municipal (em locais como Upinhas, Parques, Prédios Públicos Municipais, etc), e estes sendo convocados, poderiam liberar os policiais militares para atuar no combate à violência e enfrentamento à criminalidade no Recife e Região Metropolitana”.

LEIA TAMBÉM » Paulo Câmara assiste inerte Pernambuco se tornar campo de guerra, diz Humberto » Humberto Costa sabe que nós não somos incompetentes, responde Paulo Câmara » Paulo Câmara comemora queda nos homicídios em agosto, pior mês em sete anos » Após cobrar a Paulo Câmara, Raquel Lyra anuncia plano de segurança A semana já havia começado com um pedido de ‘repactuação’ do Pacto pela Vida, feita pelo Sinpol.

Veja abaixo os termos abaixo.

Basta de tanta violência: Governador, repactue o Pacto Pela Vida O medo de se tornar mais uma vítima ou a dor de perder um ente querido por conta da alarmante violência que tem assolado nosso estado, lamentavelmente, têm sido sentimentos com os quais o povo pernambucano está sendo obrigado a conviver diariamente.

Só em 2017, já são quase 4 mil homicídios, cerca de 3 mil assaltos a ônibus e mais de 100 roubos a bancos.

Contudo, casos como o do apresentador da TV Asa Branca, Alexandre Farias - atingindo na cabeça por uma bala perdida, ou mesmo a carbonização de duas pessoas no interior de um veículo que estava próximo a um shopping do Recife, reforçam o clima de barbárie e insegurança em Pernambuco.

A violência é um problema mundial, mas a situação em Pernambuco é totalmente inaceitável e vem sendo objeto de repercussão internacionalmente.

Cidades como Caruaru, São José da Coroa Grande, Santa Cruz do Capibaribe, Cabo, Olinda e Recife têm figurado entre as mais violentas do mundo, com números que superam até mesmo regiões em guerra.

Mesmo correndo o risco de sermos repetitivos, há cerca de três anos temos denunciado que no rumo em que as coisas estavam seguindo redundaria em um colapso da nossa segurança pública.

Como combater a criminalidade se a Polícia Civil, responsável por investigar os crimes e prender os criminosos, tem funcionado com um efetivo menor que 30 anos atrás, cerca de 40% do que seria necessário?

O resultado é que menos de 10% dos inquéritos instaurados em Pernambuco são investigados, por falta de pessoal.

Como enfrentar bandidos portando armamentos pesados com nossos coletes à prova de balas vencidos e pistolas que frequentemente apresentam defeitos?

Como desempenhar nosso trabalho quando falta gasolina para diligências, as viaturas estando sucateadas, as delegacias funcionando em condições precárias e até mesmo com papeis para impressão dos Boletins de Ocorrência sendo levados pelos próprios Policiais?

Em 2015 apresentamos ao governo o primeiro dossiê sobre a estrutura da Polícia Civil de Pernambuco.

Indicamos gargalos, apresentamos alternativas, tecemos diversas críticas construtivas, sempre nos colocando a disposição para contribuir.

Tentamos, inúmeras vezes, estabelecer um diálogo aberto e franco, como forma de aprimorar a segurança pública do estado, repactuar o Pacto Pela Vida.

Sempre sem sucesso.

Talvez, se tivesse escolhido a conversa no lugar da perseguição política, estivéssemos vivendo outra realidade.

Atualmente estamos finalizando o segundo dossiê sobre os bastidores da Polícia Civil, que será entregue ainda este ano.

Com isso, a aposta do Presidente do SINPOL, Áureo Cisneiros, é sensibilizar as autoridades para a importância de consolidar o que ele considera um tripé básico de atuação quando o assunto é segurança pública. “Não tem segredo para resolver o problema da violência em Pernambuco, precisamos de diálogo, planejamento e investimentos na área, tendo humildade para reconhecer onde se está errando e corrigir”, avalia.

Daniel Coelho crítica ‘falta de comando de Paulo Câmara’ Nesta terça, em Brasília, o deputado federal Daniel Coelho (PSDB-PE) fez um duro discurso na tribuna da Câmara dos Deputados, onde criticou o que considera ‘a falta de comando e pulso do governador Paulo Câmara’.

O parlamentar propôs soluções para ajudar no combate à insegurança, como a criação da polícia penitenciária – cuja PEC já foi aprovada no Senado – e a disponibilização de mais recursos para o Fundo Nacional de Segurança Púbblica. “É lamentável que Pernambuco tenha hoje os piores índices de segurança pública do país.

Até o presente momento, mais de 3.500 pessoas já foram assassinadas no Estado de Pernambuco (este ano).

Os crimes se multiplicam na Zona Norte, na Zona Sul do Recife, na região do Agreste, no Sertão, na cidade de Caruaru, recentemente, com um atentado contra jornalista… uma situação caótica”, lamentou. “Em números absolutos, o Estado de Pernambuco, este ano, já perdeu mais vidas vítimas da violência do que os Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, que têm população muito maior. É evidente que isto tem alguns motivos: o primeiro deles, sem nenhuma dúvida, a falta de comando, de pulso e de prioridade do governador Paulo Câmara, que perdeu completamente o diálogo com a Polícia Militar, que perdeu o diálogo com a sociedade e que junto com seus secretários tem dado declarações que deixam a população pernambucana extremamente indignada”, criticou Daniel.

Criação da Polícia Penitenciária Em seu discurso, Daniel Coelho falou da importância de se colocar mais policiais militares nas ruas e, para isto, solicitou a inclusão na pauta de votações da Câmara dos Deputados a votação de uma PEC já aprovada no Senado, de autoria do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que trata da criação da Polícia Penitenciária. “Mas não subo a esta tribuna só para reclamar, mas também para olhar para o futuro e fazer algumas propostas.

Ressalto a PEC que foi aprovada recentemente no Senado e que será enumerada aqui para essa Casa, de autoria do senador Cássio (Cunha Lima), que fala da polícia penitenciária.

A gente sabe que hoje as prisões e as cadeias brasileiras são um grande problema.

E com essa divisão entre agentes penitenciários e polícia militar, infelizmente nós temos um quantitativo de policiais militares que estão nos nossos presídios, mas que fazem falta nas ruas, cuidando da proteção da nossa população”, argumentou Daniel, que complementou: “Peço que o mais rápido possível essa PEC seja pautada também nesse plenário, aprovando a criação da polícia penitenciária, permitindo que o que hoje são agentes, se tornem policiais, com a sua prerrogativa para tomar conta dos presídios, liberando os policiais militares para estarem nas ruas, cuidando da população brasileira”.

Daniel Coelho também discutiu a questão do Fundo Nacional de Segurança Pública.

Segundo o parlamentar, no debate que existe hoje no país em relação à privatização de empresas públicas, o dinheiro oriundo dessa receita seria importante para reforçar esse Fundo, desde que as ações com as empresas públicas sejam feitas com critério, analisadas e não sejam vendidas como se estivessem numa liquidação. “Existe um debate em curso neste país, e não quero tomar posição aqui específica sobre cada empresa pública, mas uma discussão sobre vendas de ativos, de ações e até de privatizações de empresas públicas do setor federal.

Esse é um debate importante para o país, claro que feito com a ponderação e o equilíbrio de que cada empresa precisa ser analisada.

Elas não podem ser de forma alguma vendidas como aquele cidadão que faliu e vende o apartamento barato pra pagar as dívidas.

As empresas têm que ser vendidas no custo correto, no seu preço adequado, com fiscalização da sociedade, da imprensa e do parlamento.

Mas os recursos provenientes dessas privatizações não podem ir para pagar as dívidas geradas pela corrupção do governo Temer, do governo Lula, do governo Dilma e de governos que passaram.

Precisamos sim utilizar esses recursos e é essa a proposta que faço, para a criação de um fundo nacional de segurança pública.

Para que enfrentemos as áreas de risco e alta criminalidade com ações integradas do governo federal, governos estaduais e governos municipais, combatendo esse, que sem nenhuma dúvida, é o maior mal da população brasileira no momento”, disse.