A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), divulgou uma nota reivindicando ao Comando-Geral do Exército e ao Ministério da Defesa providências sobre a declaração do general Antonio Hamilton Martins Mourão, que cogitou em palestra a possibilidade de uma intervenção militar. “Preocupa, em especial, a omissão do governo golpista ante esse fato gravíssimo, pois até agora não houve manifestação ou ação das autoridades competentes em relação ao assunto”, afirma a petista contra o presidente Michel Temer (PMDB).
A manifestação dele foi em Brasília na última sexta-feira (15), após o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciar pela segunda vez o peemedebista, desta vez por participação em suposta organização criminosa e obstrução de Justiça.
Mourão, que é secretário de economia e finanças do Exército, afirmou que “os Poderes terão que buscar uma solução, se não conseguirem, chegará a hora em que teremos que impor uma solução… e essa imposição não será fácil, ela trará problemas”.
LEIA TAMBÉM » General fala em possibilidade de intervenção e é criticado por Forças Armadas Em resposta, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, foi enfático e disse que “não há qualquer possibilidade” de intervenção militar.
Na palestra, Mourão disse que “desde o começo da crise o nosso comandante definiu um tripé para a atuação do Exército: legalidade, legitimidade e que o Exército não seja um fator de instabilidade”.
Depois de ter conversado com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, Villas Bôas considerou a questão superada internamente.
A nota do Partido dos Trabalhadores afirma ainda que o general “não só desrespeita os regulamentos disciplinares, mas fere frontalmente a Constituição e ameaça seriamente a democracia”. “O que o Brasil precisa é recuperar o processo democrático rompido com o golpe do impeachment; precisa de eleições diretas com a participação de todas as forças políticas, e não retornar a um passado sombrio que tanto custou superar.” » Grupo exalta Ustra em protesto contra Lula no Recife Essa não foi a primeira vez que Mourão se envolveu em polêmica. “Cabe recordar que, em outubro de 2015, por fazer manifestação no mesmo sentido antidemocrático, este personagem foi punido com a perda do Comando Militar do Sul, o que demonstrou, na época, o isolamento de suas posições”, diz a nota do PT.
Em outubro de 2015, quando perdeu o comando, por ter feito duras críticas à classe política e ao governo.
Antes, ele já havia desagradado ao Palácio do Planalto, ao ter atacado indiretamente a então presidente Dilma Rousseff ao ser questionado sobre o impeachment dela e responder que “a mera substituição da PR (presidente da República) não trará mudança significativa no ‘status quo’” e que “a vantagem da mudança seria o descarte da incompetência, má gestão e corrupção”.