Em entrevista ao programa Resenha Política, do NE10, na TV JC, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo criticou o que considera excessos das delações premiadas. “É quase uma tortura.
Você prende para a pessoa delatar.
Nestas condições, eu falo até que incendiei Roma, não foi Nero.
A pessoa, nestas condições, como em uma tortura, fala o que o investigador quer ouvir”, afirma.
LEIA TAMBÉM » Cardozo critica ‘exageros’ na Lava Jato e diz que culpados usam inocentes como escudo » Cardozo: se indicação política é crime, “todos os prefeitos e governadores são organizações criminosas” Como exemplo, José Eduardo Cardozo citou a delação do petista Delcídio do Amaral, que acabou não se confirmando em relação ao suposto uso de um ministro do STJ para barrar a Lava Jato.
O que é curioso é que, como parlamentar, Cardozo foi um dos autores das mudanças na legislação, como a lei da ficha limpa e a introdução da delação premiada. “Eu pensava que, depois de investigações, as pessoas seriam presas e, diante de provas e após muitas investigações, como o Estado brasileiro pode fazer, os criminosos iriam se convencer que não teriam outra saída do que entregar os cabeças, colaborar.
Mas o que se viu foi uma inversão.
Se prende para a pessoa colaborar.
E o prêmio das delações é oferecido aos chefes das organizações criminosas”, comentou.
Assista à entrevista com Cardozo