“O poder não corrompe o homem; é o homem que corrompe o poder.

O homem é o grande poluidor, da natureza, do próprio homem, do poder.

Se o poder fosse corruptor, seria maldito e proscrito, o que acarretaria a anarquia.” Essa é a frase que abre documento de 245 páginas apresentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (14) para denunciar o presidente Michel Temer e outros nomes do PMDB.

A declaração sobre corrupção é de Ulysses Guimarães, construtor da Constituição de 1988 e peemedebista histórico.

LEIA TAMBÉM » Janot apresenta segunda denúncia contra Temer pelo ‘quadrilhão do PMDB’ » STF interrompe julgamento sobre suspensão de denúncia contra Temer » Por unanimidade, Supremo rejeita suspeição de Janot para atuar contra Temer Temer e mais seis nomes do PMDB foram denunciados por organização criminosa, acusados de receber pelo menos R$ 587 milhões de propina.

Janot afirma que eles praticaram ações ilícitas em troca de propina através de órgãos como Petrobras, Furnas, Caixa Econômica Federal, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados.

O presidente é apontado como líder da suposta organização criminosa desde maio de 2016, quando o PMDB rompeu com o governo Dilma Rousseff (PT) e dois meses antes dela ser afastada. » Barroso autoriza novo inquérito para investigar Temer no STF » Em nota, Temer reage à nova ação de Janot contra PMDB » Temer autorizou caixa 2 a campanha de Chalita por telefone, diz Funaro Além de Temer, foram denunciados Eduardo Cunha, Henrique Alves, Geddel Vieira Lima, Rodrigo Rocha Loures, Eliseu Padilha e Moreira Franco.

As acusações contra o presidente têm como base delações dos executivos do grupo J&F, que entregaram à Procuradoria uma gravação de conversa com Temer no Palácio do Jaburu, e do operador Lúcio Funaro.

Além disso, a denúncia utiliza os elementos colhidos pela Polícia Federal em investigação sobre o chamado “quadrilhão do PMDB.

Leia a íntegra da denúncia Janot apresenta segunda denúncia contra Temer from Portal NE10 Foto: Geraldo Magela/Agência Senado Cerco ao governo Temer Antes mesmo da apresentação de mais uma denúncia criminal contra o presidente Michel Temer (PMDB), o PT já dizia que ela poderia ser a pá de cal para o governo, de acordo com as esperanças do líder da Oposição no Senado, Humberto Costa (PT). “O segundo pedido de investigação deve ser ainda mais consistente que o primeiro, que foi rejeitado pelo Congresso Nacional após uma série de negociações e liberação de emendas”.

Além da denúncia da Procuradoria-Geral da República, O Supremo Tribunal Federal (STF) também autorizou, esta semana, a abertura de inquérito contra membros da cúpula do PMDB, incluindo o presidente.

De acordo com investigações da Polícia Federal, Temer teria recebido vantagens de mais de R$ 31 milhões. “O cerco está se fechando contra Temer e seus comparsas.

Dia após dia, explodem novas revelações contra ele e contra os seus aliados.

São malas de dinheiro apreendidas, gravações, inúmeros depoimentos.

As provas se acumulam e a situação tem se tornado insustentável.

Não posso acreditar que, depois de tudo isso, os parlamentares resolvam jogar de vez a sua reputação no lixo.

Negar a investigação é também se associar a essa quadrilha que tirou uma presidente honesta do poder e que agora comanda ilegitimamente o País.

Isto sem falar na falta de apoio popular deste presidente, que tem uma aprovação tão pequena que chega a sumir nas margens de erro das pesquisas”, afirmou.

Humberto Costa voltou a criticar o governo Temer por ter transformado o Congresso “num balcão de negócios”. “Para conseguir se salvar da primeira denúncia, Temer liberou 15 bilhões em programas e emendas.

Depois disso, aumentou a gasolina e anunciou a venda de empresas e até de parte da Amazônia.

Hoje, o governo bate recorde no rombo das contas públicas.

Se ele continuar nesse pique, com uma segunda denúncia, não vai sobrar País para contar história”, sentencia Humberto.