Por Sílvio Costa, deputado e vice-líder da oposição na Câmara Federal Todo o meio político sabe que existe uma articulação da maioria da executiva nacional do PT para recriar a Frente Brasil Popular, juntando PT, PCdoB, PDT e PSB.

Por dever de justiça, é preciso registrar que o PDT e o PCdoB foram partidos muito corretos na resistência ao processo de impeachment da presidente Dilma (PT).

Os dois partidos trabalharam pesado contra o golpe.

PCdoB e PDT fecharam questão contra o impeachment.

Entretanto, o PSB foi a grande decepção.

O PSB traiu, vergonhosamente, a ex-presidente Dilma.

O PSB encaminhou o voto a favor do impeachment.

O governador Paulo Câmara (PSB) chegou a liberar os deputados federais que eram secretários, e eles foram a Brasília votar a favor do afastamento injusto de Dilma.

Agora, estamos vendo - o que é capaz de indignar a todos os que lutaram pelo mandato da ex-presidente - a possibilidade do PSB voltar a integrar a Frente Brasil Popular, iniciativa que, de forma indigna, é defendido pelo governador Paulo Câmara e o prefeito do Recife, Geraldo Julio.

Em uma conta simples, vamos chegar à conclusão de que o maior traidor da ex-presidente Dilma, na sua base parlamentar da Câmara, foi o PSB.

O impeachment precisava de 342 votos dos 513 deputados.

Foram 137 votos contra o impeachment, duas ausências e sete abstenções, num total de 146.

Naquela ocasião, o PSB tinha uma bancada de 31 deputados.

Se todos tivessem votado contra o golpe, a ex-presidente chegaria a 177 votos, e não teria sido derrubada.

Não precisava nem todos do PSB votarem contra o golpe: bastavam 25 terem dito “não” e o impeachment teria sido arquivado.

Então, o PSB juntou-se aos golpistas e tirou do poder uma mulher que tinha sido eleita por 54 milhões de brasileiros e que não cometeu nenhum crime de responsabilidade.

As chamadas pedaladas fiscais já tinham ocorrido nos governos FHC e Lula.

O PSB foi cruel e profundamente desleal com a ex-presidente Dilma.

O PSB votou a favor das reformas deste governo nefasto de Michel Temer (PMDB), com exceção de um ou outro deputado.

Eu sei também que o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) já foi escolhido como um dos pré-candidatos ao Senado na chapa do PSB.

Custa-me acreditar que a maioria esmagadora dos filiados ao PT de Pernambuco admita este tipo de acordo político.

Isto é uma afronta.

Imaginem um palanque com Jarbas, o PT e o PSB.

Todos sabem que o deputado Jarbas Vasconcelos tem horror aos ex-presidentes Lula e Dilma.

Aliás, com todo o respeito a Jarbas, não consegui entender quando ele disse, publicamente, que não teria dificuldades para construir esse acordo com o PT em Pernambuco.

A aliança do PT com o PSB em Pernambuco é um escárnio.

Se concretizada, será uma das maiores agressões à coerência política e a todos que, de forma leal, corajosa e decente, defenderam a democracia e foram contra o impeachment de Dilma.

Não sou do PT, mas se o fosse, eu iria a São Paulo, Brasília, onde for necessário, defender um grande movimento para impedir essa coligação exdrúxula, totalmente incoerente. É preciso ir para cima do PSB.

Eu me ponho à disposição para construirmos um movimento que impeça a concretização dessa coligação bizarra.

Vou continuar defendendo, até o último minuto, no último dia das convenções - que serão realizadas no próximo ano - a construção de uma frente de esquerda em Pernambuco, reunindo os partidos que, com muita dignidade, defenderam a democracia.

Uma frente dos partidos que votaram contra o impeachment e que defendem os direitos históricos dos trabalhadores brasileiros.