Do Blog de Jamildo, com Estadão Conteúdo O ex-presidente Lula (PT) concluiu o interrogatório de aproximadamente duas horas e meia, nesta quarta-feira (13), fazendo uma pergunta ao juiz Sérgio Moro. “Vou chegar em casa amanhã e vou almoçar com oito netos e uma bisneta de seis meses.

Posso olhar na cara dos meus filhos e dizer que vim a Curitiba prestar depoimento a um juiz imparcial?”, questionou. “Não cabe ao senhor fazer uma pergunta para mim, mas, de todo modo, sim”, respondeu Moro.

Lula, então, acusou o magistrado de não ter sido parcial no outro processo, em que foi condenado a nove anos e seis meses de prisão pelo caso do triplex no Guarujá (SP).

Moro afirmou que não discutiria a outra ação naquele momento e que o ex-presidente deveria levar os seus argumentos para o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que analisa o recurso do petista. “Se eu fosse discutir aqui, não seria bom para o senhor”, disse o juiz.

Uma condenação também em segunda instância pode atrapalhar os planos dele de disputar novamente a presidência em 2018.

LEIA TAMBÉM » Lula não responde a todas as perguntas em depoimento a Moro » Lula presta segundo depoimento a Moro em Curitiba » Planos de Lula para 2018 ficam em aberto com depoimento de Palocci Lula não respondeu a todas as perguntas de Moro, que foi o primeiro a questioná-lo.

O ex-presidente é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro sobre contratos entre a empreiteira e a Petrobras.

Segundo o Ministério Público Federal os repasses ilícitos da Odebrecht chegaram a R$ 75 milhões em oito contratos com a estatal.

O montante, segundo a força-tarefa da Lava Jato, inclui um terreno de R$ 12,5 milhões para Instituto Lula e cobertura vizinha à residência dele em São Bernardo do Campo de R$ 504 mil. » Empresário diz que Lula ‘não gostou’ e desistiu de terreno para Instituto » Agora na operação Zelotes, Lula é denunciado sob acusação de corrupção passiva enquanto era presidente » Palocci incrimina Lula em ação sobre propinas da Odebrecht Na semana passada, o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma) rompeu o silêncio, fez um relato devastador e entregou o ex-presidente, a quem atribuiu envolvimento com o que chamou de “pacto de sangue” com a empreiteira Odebrecht que previa repasse de R$ 300 milhões para o governo petista e para Lula.

No seu depoimento, o petista criticou o ex-aliado.

Após o interrogatório do ex-presidente, Moro passou a ouvir Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci. “Eu fiquei muito preocupado com a delação do Palocci, porque ele poderia ter falado ‘Eu fiz isso de errado, eu fiz isso’.

Ele, espertamente, disse, ’não é que eu sou santo’ e pau no Lula. ‘Não é que eu sou santo’, que é um jeito de você conquistar veracidade na tua frase.

Eu fiquei com pena disso”, afirmou. “Eu achei que o Palocci tá preso há mais de um ano, o Palocci tem o direito de querer ser livre, tem o direito de querer ficar com o pouco do dinheiro que ele ganhou fazendo palestra, ele tem família.

Tudo isso eu acho.

O que não pode é se você não quer assumir a tua responsabilidade pelos fatos ilícitos que você fez, não jogue em cima dos outros.” Há ainda, sob a tutela da Lava Jato no Paraná uma terceira ação penal.

O ex-presidente é acusado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em obras do sítio de Atibaia, no interior de São Paulo.

Lula é também alvo da Justiça Federal de Brasília em mais dois processos.