Em delação que embasou parte do relatório da Polícia Federal sobre o “quadrilhão do PMDB da Câmara”, o corretor Lúcio Funaro afirmou que esteve com o presidente Michel Temer em três ocasiões.
Ele citou um encontro na base aérea de São Paulo, outro durante comício em Uberaba (MG) nas eleições municipais de 2012 e uma terceira numa reunião de apoio à candidatura de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo, também em 2012.
Na época, Temer era vice-presidente.
LEIA TAMBÉM » Joesley Batista nega ter sido orientado a gravar Temer » Joesley Batista chama Temer de ‘ladrão-geral da República’ » Humberto Costa: Temer é o ‘maior ladrão’ que já passou pela história do Brasil A delação de Funaro já foi homologada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, mas permanece em sigilo.
O corretor, que está preso desde julho de 2016, disse que trabalhou na arrecadação de dinheiro para as campanhas do PMDB em 2010, 2012 e 2014 e estima ter conseguido R$ 100 milhões para o partido e outras siglas coligadas nesse período.
Até hoje, Temer só havia admitido um encontro com o corretor, na base aérea.
Segundo Funaro, em dois dos encontros estava acompanhado do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB), preso em Curitiba. » Barroso: Nova denúncia contra Temer confirmaria que sistema político funciona mal » Em vídeo, Temer aponta ‘erros das administrações anteriores’ MP dos Portos A relação entre Temer e Cunha foi outro tema abordado na delação Conforme o corretor, ambos atuaram durante a tramitação da Medida Provisória dos Portos para defender interesses de grupos privados aliados.
O delator afirmou que Temer articulou a indicação do ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi para a presidência do Porto de Santos (SP). » Machado reafirma em nota que Temer solicitou doação para campanha de Chalita De acordo com a colaboração de Funaro, Temer também tinha conhecimento do pagamento de propina pela Odebrecht por contrato da Diretoria Internacional da Petrobras.
O corretor disse que quem lhe passou a informação foi Cunha.
Em nota, o presidente afirmou que “não tem relação pessoal com Lúcio Funaro” e, “se esteve com ele, foi de maneira ocasional e, se o cumprimentou, foi como cumprimenta milhares de pessoas”.
A Odebrecht diz colaborar com as investigações.
Os outros citados por Funaro não foram localizados pela reportagem.