Dois anos depois da visita da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) a Cabrobó, no Sertão pernambucano, para inaugurar a primeira estação de bombeamento do eixo norte da transposição do rio São Francisco, o ministro Helder Barbalho (Integração Nacional) vai visitar o mesmo equipamento nesta segunda-feira (11).
As bombas chegaram a funcionar, mas a paralisação da obra entre Pernambuco e Ceará, em junho de 2016, logo depois de Michel Temer (PMDB) assumir, inviabilizou o serviço.
Para mostrar a retomada da construção dos canais entre os dois estados, mais de um ano depois de serem interrompidas, Barbalho vai ao local.
As obras pararam porque a Mendes Júnior, construtora envolvida na Operação Lava Jato, abandonou os canteiros.
O governo levou um semestre para iniciar a licitação que escolheu a substituta, mas um imbróglio judicial fez com que só fossem retomadas em julho deste ano.
A paralisação atingiu o trecho entre Cabrobó e Jati (CE), que agora tem previsão de entrega no primeiro semestre de 2018, dez anos após o início da transposição.
LEIA TAMBÉM » Um ano depois, obras são retomadas no eixo norte da transposição » Governo estuda privatizar transposição do São Francisco » Técnicos da Chesf agora querem operar transposição do São Francisco » População espera transposição, mas cobrança por consumo aflige A estação de bombeamento é responsável por impulsionar a água captada no rio por sete quilômetros, até o primeiro reservatório, Tucutu.
Há dois conjuntos de motobombas com vazão de 12,4 metros cúbicos por segundo, capazes de elevar a água a 36 metros.
Depois, serão abertas as comportas do primeiro reservatório e a água corre por quatro aquedutos até o segundo, de Terra Nova, a 45,9 quilômetros da primeira estação.
Na visita de agosto de 2015, o PSB já havia rompido com o PT, mas ainda não havia se posicionado pelo impeachment e Paulo Câmara esteve no evento (Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República) Antes de deixar o governo, em maio do ano passado, Dilma Rousseff chegou a visitar Cabrobó e, já em tom de despedida uma semana antes de ser afastada pelo Senado, afirmou que ficaria triste se não visse como presidente a conclusão das obras.
Nessa viagem, a petista vistoriou as obras na segunda estação de bombeamento do trecho, em Terra Nova, município vizinho. » Paulo Câmara aceita divisão de custos da transposição e promete isentar mais pobres » Maia assina ordem de serviço de trecho da transposição parado há um ano » MPF pede ao TSE para multar Lula por ato político na transposição Em 2016, com o PSB já se posicionando pelo impeachment, Paulo Câmara não esteve no local.
Na foto, Dilma com Ricardo Coutinho (Paraíba) e Camilo Santana (Ceará) (Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República) O eixo norte é o maior da transposição e a sua conclusão vai custar ao todo R$ 516,8 milhões, mas só a primeira ordem de serviço foi assinada em julho por Rodrigo Maia (DEM-RJ), quando estava como presidente em exercício, liberando R$ 132 milhões.
São 260 quilômetros de canais, com três estações de bombeamento, oito aquedutos, 16 reservatórios e três túneis para cerca de 7,1 milhões de moradores de 223 municípios nos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
A entrega prevista para o início do próximo ano é para tentar evitar o possível colapso hídrico na região metropolitana de Fortaleza, onde o projeto deverá atender 4,5 milhões de habitantes.
Paternidade da transposição A escolha da transposição como última visita de Dilma Rousseff a Pernambuco e o roteiro de Helder Barbalho semelhante ao dela para marcar um dos passos de retomada da obra mostra a briga política pela paternidade do empreendimento.
O mesmo foi visto na entrega do eixo leste, outra frente do projeto, na Paraíba, no início do ano. » Transposição chega à Paraíba, mas ainda falta muito em Pernambuco » Deputados cobram de Temer que águas da transposição cheguem ao Sertão de PE » Em Monteiro, Dilma diz que Temer não pode se vangloriar da Transposição » “Não quero a paternidade dessa obra.
Ninguém pode tê-la”, diz Temer sobre Transposição Para se aproximar do Nordeste, onde tem a maior rejeição, Michel Temer esteve três vezes nas obras em três meses.
Reagindo ao movimento do peemedebista, o ex-presidente Lula, que pretende ser candidato novamente em 2018, esteve em Monteiro (PB), para fazer uma “reinauguração”, já que foi no seu governo que a obra foi iniciada - até então com previsão de ser concluída três anos depois.
Por causa do evento, é investigado pelo Ministério Público Eleitoral, sob suspeita de propaganda antecipada.
Até Geraldo Alckmin, que pode ser o nome do PSDB à presidência em 2018, usou a mesma estratégia que Temer para se aproximar do Nordeste.
Através da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o governador emprestou as bombas que viabilizaram a entrega do eixo leste da transposição e agora fez o mesmo no eixo norte.