O empresário Joesley Batista e o executivo da JBS Ricardo Saud se apresentaram à Polícia Federal em São Paulo neste domingo (10), segundo a Globo News.

Os dois tiveram prisão temporária - por cinco dias - decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que investiga se eles omitiram informações no acordo de delação premiada.

Janot também pediu a prisão do ex-procurador Marcello Miller, mas não foi acatado por Fachin.

Para o ministro, não há provas de que Miller atuou em organização criminosa com Joesley e Saud, argumento usado pelo procurador-geral no pedido.

No documento, porém, o ministro afirmou que há indícios de obstrução às investigações.

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Joesley e Saud são suspeitos de esconder do Ministério Público fatos criminosos que deveriam ter sido contados nos depoimentos.

A conclusão de que os delatores omitiram informações passou a ser investigada pela PGR na segunda-feira (4), a partir de gravações entregues pelos próprios delatores como forma de complementação do acordo. » Joesley Batista nega ter sido orientado a gravar Temer » ‘O Janot sabe tudo.

A turma já falou para o Janot’, disse Joesley » Janot diz que viveu um dos dias mais tensos no cargo com JBS » Janot pedirá anulação de imunidade no caso da JBS “Percebe-se pelos elementos de convicção trazidos aos autos que a omissão por parte dos colaboradores quando da celebração do acordo, diz respeito ao, em princípio, ilegal aconselhamento que vinham recebendo do então Procurador da República Marcello Miller”, diz Fachin na decisão. “Tal atitude permite concluir que, em liberdade, os colaboradores encontrarão os mesmos estímulos voltados a ocultar parte dos elementos probatórios, os quais se comprometeram a entregar às autoridades em troca de sanções premiais, mas cuja entrega ocorreu, ao que tudo indica, de forma parcial e seletiva.

Dessa forma, como requerido pelo PGR, resta presente a indispensabilidade da prisão temporária pretendida, a qual não encontra em outras cautelares penais alternativas a mesma eficácia.” Fachin apontou que há indícios de que os três - Joesley, Saud e Miller - atuaram para obstruir as investigações, mas não há elementos para comprovar que o ex-procurador atuou em organização criminosa com os delatores da JBS.