O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin afirmou na decisão em que negou o pedido de prisão do ex-procurador Marcello Miller que há indícios consistentes de “exploração de prestígio e até mesmo de obstrução às investigações”.
Apesar disso, o ministro concluiu que não há elementos de que ele tenha sido cooptado pelos executivos da JBS, discordando do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que havia usado o argumento para pedir a prisão temporária. “Em relação aos delitos cujos indícios são mais consistentes, não permite a lei a decretação da prisão temporária”, alega Fachin.
Se o ministro tivesse acatado o pedido de Janot, o ex-procurador, que foi seu assessor, ficaria preso por cinco dias, como vai ser o caso de Joesley Batista, dono da empresa, e Ricardo Saud, executivo da J&F, controladora da JBS.
Os dois, que já entregaram os passaportes, negociam se entregar à Polícia Federal para evitar uma operação em casa.
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A turma já falou para o Janot’, disse Joesley » Janot diz que viveu um dos dias mais tensos no cargo com JBS » Janot pedirá anulação de imunidade no caso da JBS Na mesma decisão, Fachin aceitou o pedido para prender Joesley Batista e Ricardo Saud.
Eles são suspeitos de esconder do Ministério Público fatos criminosos que deveriam ter sido contados nos depoimentos.
A conclusão de que os delatores omitiram informações passou a ser investigada pela PGR na segunda-feira (4), a partir de gravações entregues pelos próprios delatores como forma de complementação do acordo.
Leia a decisão de Fachin sobre Joesley, Saud e Miller Fachin diz que não há elementos para prender Marcello Miller from Portal NE10