Estadão Conteúdo - O empresário Joesley Batista, do Grupo J&F, prestou depoimento de cerca de três horas na tarde dessa quinta-feira (7) na sede da Procuradoria-Geral da República, no qual disse que não recebeu orientação do ex-procurador Marcelo Miller para gravar o presidente Michel Temer (PMDB).

A gravação do peemedebista, em uma conversa no Palácio do Jaburu, abriu a porta para que os empresários do grupo conseguissem negociar um acordo de delação premiada.

Em outra gravação, o executivo Ricardo Saud e Joesley falaram sobre uma suposta influência de Miller nas tratativas para a delação.

LEIA TAMBÉM » Janot pedirá anulação de imunidade no caso da JBS » Joesley nega atuação de ex-procurador para fazer delação » Supremo e PGR indicam rever acordo da JBS Joesley chegou a Brasília pela manhã, com o diretor jurídico do grupo, Francisco de Assis, e Ricardo Saud.

No total, os executivos permaneceram quase dez horas na PGR.

Os três prestaram esclarecimentos no procedimento que deve revogar o benefício de imunidade penal concedido aos delatores.

Aos procuradores, Joesley confirmou que conheceu Marcelo Miller em data anterior à que ele foi exonerado da Procuradoria.

Segundo o empresário, no entanto, Miller se apresentou como advogado e disse que já havia pedido a exoneração do Ministério Público - o que só teve efeito, oficialmente, a partir de abril Contato Segundo Joesley disse aos procuradores, Miller não trabalhou no acordo de delação nem quando deixou oficialmente o Ministério Público.

Ele afirmou, porém, que conversou superficialmente com o ex-procurador sobre o acordo de delação.

Na mesma época em que fez os contatos com Miller, Joesley buscava um nome para assumir a área de compliance e combate à corrupção da JBS. » Fux sugere a Janot que delatores da JBS troquem exílio nova-iorquino pela Papuda » Gravações indicam que delatores da JBS usariam Cardozo contra STF » Agride-se a dignidade do Supremo, diz Cármen Lúcia ao pedir investigação de delação da JBS O empresário minimizou as menções que fez ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) na conversa gravada com Saud.

O primeiro a ser ouvido foi o advogado Francisco de Assis, questionado sobre a relação com Miller, e o último foi Ricardo Saud.

Marcelo Miller será ouvido hoje no procedimento de revisão da delação premiada.