O presidente em exercício, Rodrigo Maia (DEM), saiu em defesa do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pela resposta aos novos áudios de delatores da JBS em que, segundo o chefe do Ministério Público Federal (MPF), falam sobre crimes que não foram citados nos depoimentos.

Os novos casos levaram Janot a abrir uma investigação que pode levar à anulação dos benefícios de Joesley Batista, dono do grupo, além dos executivos Ricardo Saud e Francisco de Assis e Silva.

Para Maia, o procurador-geral agiu de forma rápida e deve responder de forma dura à omissão dos supostos crimes. “A sociedade, ao mesmo tempo em que apoia as investigações contra o presidente, quer ver uma ação mais firme contra os delatores da JBS”, cobrou o presidente da Câmara.

LEIA TAMBÉM » Janot revê delações da JBS, que podem ter premiação anulada » Em gravação, delatores citam três ministros do STF e um ex-ministro da Justiça » Gilmar diz que Janot faz chantagem com o STF e o chama de ‘delinquente’ » Em jantar sobre reforma política, Janot vira assunto principal Maia defendeu que a premiação do acordo - em que Joesley e os executivos não foram presos e não tiveram o passaporte retido, por exemplo, como aconteceu com outros delatores - seja revista. “O que a sociedade tem reclamado desde o início não foi a JBS ter tratado do presidente Temer, de deputados, de governadores.

Foi o benefício”, pontuou. “O que a sociedade vem reclamando, e de forma correta, foi de a JBS ter recebido benefícios muito generosos.

E agora pode reorganizar os benefícios. É nisso que a procuradoria está avançando.” Apesar de cobrar uma mudança em relação aos delatores e ao ex-procurador Marcelo Miller, ex-braço-direito de Janot e citado pelos delatores, Maia afirmou que, no período em que o acordo foi celebrado não se tinham as mesmas informações. “O doutor Janot não é obrigado a saber.

As pessoas cometem seus crimes e até que se prove o contrário a presunção de inocência vale para todos”, alegou. “Não podemos culpar ninguém por informações que não tinham naquele momento.” O ex-procurador trabalhava no gabinete de Janot e em fevereiro pediu exoneração, deixando o cargo em abril.

Desde então, passou a atuar no escritório Trench, Rossi & Watanabe, responsável pela delação da JBS.

Além de Miller, foram citados em conversa entre Joesley e Saud que foi entregue à PGR, segundo Janot, três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), de nomes não divulgados oficialmente. “Não tem ninguém envolvido”, defendeu Maia. “Os ministros do Supremo são citados em uma conversa entre dois irresponsáveis.

De forma absurda”, afirmou. “São pessoas falando de relações que muitas vezes não têm.”