A imprensa da capital não chegou a registrar o entrevero.
A polêmica ficou circunscrita a Caruaru, mas tem relevância política porque pode ser interpretada como mais um capítulo das eleições do próximo ano.
Ainda mais se se levar em conta que, nesta segunda, a cidade recebe quatro ministros de Temer, em um evento capitaneado pelo tucano Bruno Araújo, aliado de Raquel.
Consta que o senador Armando Monteiro Neto deve comparecer, mostrando o tamanho da oposição a Paulo Câmara.
Pois bem.
Nesta semana que passou, a prefeita Raquel Lyra veio ao Recife para reclamar pessoalmente com o governador Paulo Câmara por ter quebrado a promessa de municipalizar o Hospital São Sebastião, localizado na cidade.
Na campanha municipal, tanto Raquel quanto Tony Gel, adversário da tucana e apoiado por Paulo Câmara, defendiam a mesma proposta.
O governador chegou a gravar um programa para o guia eleitoral do deputado Tony Gel dizendo que era uma boa ideia e comprometendo-se a tirar do papel.
Depois de ter prometido realizar a transferência para a municipalização, o governo do Estado mudou de ideia e informou a gestão municipal que iria repassar o hospital para uma OS (Organização Social). “O Estado vai ficar com o hospital e usar como retaguarda do Hospital do Agreste (de emergência).
Esta decisão é a segunda rasteira que este governador me deu”, reclamou, em contato com o Blog de Jamildo.
No caso, ‘a primeira rasteira’ ocorreu quando o PSB enrolou ela e o pai João Lyra e negou a legenda para sair candidata a prefeita em Caruaru.
Raquel foi obrigada a ir às pressas pedir a legenda ao PSDB, em Brasília. “É uma decisão política.
Nos tiraram um hospital.
Qual a razão de fazer por meio de uma OS e não fazer com a gente?”, questionou.
A prefeita conta que chegou a reclamar, na semana passada, pessoalmente, ao secretário de Saúde, Iran Costa, antes de ir ao Palácio do Campo das Princesas.
Como Paulo Câmara estava, na terça-feira, em Brasília, ela tomou um chá de cadeira do chefe de gabinete João Campos. “Primeiro, queriam entregar o hospital vazio.
Não aceitamos.
Não recebemos sem mobiliário e custeio (estimado em R$ 1,5 milhão por mês) se a OS vai ter esta mesma condição.
Depois, nós insistimos nesta promessa de campanha porque as pessoas em Caruaru precisam de cirurgias eletivas, clínica médica (com a saturação do Hospital do Agreste)”, disse ainda.
Pelas redes sociais, a prefeita também deixou registrado o protesto. “O Governo do Estado anunciou, nesta manhã, que irá entregar o Hospital São Sebastião para uma Organização Social com o perfil de retaguarda do Hospital Regional do Agreste, e não para Prefeitura de Caruaru, como prometido pelo governador Paulo Câmara, durante o período eleitoral, aqui na nossa cidade.
Lamento a decisão política do governador, pois essa decisão atinge diretamente a população.
Vou seguir trabalhando, incansavelmente, pela saúde da nossa gente e deixo aqui o meu apelo a todos caruaruenses, para que, juntos, possamos fiscalizar as obras e entrega do Hospital no prazo prometido, até dezembro deste ano.
Vamos juntos”, afirmou, no face.