Na segunda-feira da semana passada, o clima de beligerância entre os grupos rivais dentro do partido PSB chegou ao ápice, quando o ministro de Minas e Energia, o pernambucano Fernando Filho (PSB), anunciou que o governo Temer iria privatizar o sistema Telebrás, incluindo a distribuidora regional do Nordeste, a Chesf.

Neste domingo, dois dias depois de o governador Paulo Câmara (PSB) ter jantado, na casa da viúva do ex-governador Eduardo Campos, Renata Campos, com o ex-presidente Lula, na quinta-feira, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, aproveitou sua fala no Congresso estadual do PSB, neste domingo, para puxar o coro de ‘Fora Temer’, em um evento em um hotel do bairro do Pina, zona sul do Recife.

Carlos Siqueira e o deputado federal Tadeu Alencar (PSB) criticaram a privatização da Chesf e da Eletrobras, que vem sendo conduzida por Fernando Filho.

Em busca de apoio para permanecer no comando do PSB nacional, Siqueira disparou contra “a onda conservadora” do presidente Michel Temer (PMDB).

A fala fez com que a militância puxasse um coro de “Fora Temer”.

O ministro de Minas e Energia Fernando Filho, e o senador Fernando Bezerra Coelho, ambos da ala governista do PSB e dissidentes, boicotaram o evento partidário na capital.

Depois, por meio de nota enviada ao blog, voltaram a reclamar de perseguição ao grupo. “Com processos tramitando na executiva nacional solicitando a expulsão do partido de 16 parlamentares, inclusive 4 de Pernambuco, embora convidados, consideramos não haver clima para participar de eventos partidários até o desfecho desta questão”, argumentaram.

Foto: Leo Motta/JC Imagem Convenção do Partido Socialista Brasileiro PSB.

Com a presença do Governador de Pernambuco Paulo Câmara, do prefeito do Recife Geraldo Júlio e de outras autoridades do partido.

No mesmo evento, o filho do ex-governador Eduardo Campos, João Campos, teve o nome lançado a deputado federal, neste domingo No discurso oficial, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, avaliou o 14º Congresso Estadual do PSB como um momento que honra as melhores tradições democráticas do partido, e em especial, do PSB de Pernambuco. “Quando vejo um delegado de Pernambuco se pronunciando num evento eu me sinto orgulhoso de ser pernambucano, pela qualidade e pela altivez”, disse o presidente, avaliando o peso da delegação de Pernambuco nas decisões nacionais do partido.

Diáspora no PSB Na véspera do encontro partidário, neste sábado, o governador Paulo Câmara, candidato à reeleição, fez um gesto político e visitou a cidade de Petrolina, administrada por Miguel Coelho, filho de FBC que se elegeu prefeito nas últimas eleições, para fazer anúncios e inaugurações.

De acordo com aliados, o governador Paulo Câmara buscou sinalizar que estava ajudando a cidade e a região e os dissidentes faziam o movimento de saída por conta própria e não estimulados pelo PSB.

Neste domingo, as expectativas se concretizaram e a família Coelho não compareceu no Congresso do PSB, realizado nesta manhã em um hotel do Pina. ‘O partido está unido e está coerente’, diz Paulo Câmara, sem passar recibo O clima vem azedando faz tempo, desde que o grupo do senador FBC tomou a decisão de aceitar ministério de Minas e Energia, no governo Temer, rachando o PSB.

O secretário de Turismo de Paulo Câmara, Felipe Carreras, falando pelo grupo ligado ao governador e ao prefeito Geraldo Julio, chegou a afirmar que se Fernando Filho não deixasse o ministério ele mudaria de partido.

Não aconteceu nem uma coisa nem outra.

No começo de julho, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, chegou a reafirmar o posicionamento de que o ministro das Minas e Energia, Fernando Filho (PSB) devia se retirar do governo Temer. “Como um partido não indica um ministro e ele continua?

Como um partido que está contra a Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência tem um ministro no governo?”, disse o presidente do PSB, na época.

Carlos Siqueira defendeu a saída do ministro do governo após a liberação do áudio da conversa do presidente Michel Temer (PMDB) com o empresário da JBS Joesley Batista pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Naquela hora, Carlos Siqueira lembrou mais uma vez que o PSB não indicou cargos para o governo de Michel Temer. “Penso que ele deveria se afastar.

Mas a decisão é dele, porque ele não está lá em nome do PSB, portanto, foi uma sugestão, até pela admiração, pelo companheirismo que tenho com ele, um jovem de importante quadro do nosso partido”, disse o presidente do PSB em entrevista à Rádio Jornal em julho.

Segundo Siqueira, sua maior preocupação com a permanência de Fernando Filho no Ministério é com a imagem do partido. “Porque na percepção geral nem todo mundo compreende.

Como um partido não indica um ministro e ele continua?

Como um partido que está contra a Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência tem um ministro no governo?

No imaginário popular não fica bem claro”, contou.

Foto: Carolina Antunes/Presidência da República Retaliação Antes disto tudo, no começo do ano, a Executiva nacional do PSB decidiu em 24 de abril fechar questão contra as reformas Trabalhista e da Previdência propostas pelo Governo Federal.

Dos 30 deputados do PSB no Congresso Nacional, 14 votaram a favor da Reforma Trabalhista.

Carlos Siqueira destituiu quatro presidentes estaduais do partido, Fabio Garcia (PSB-MT), Maria Helena (PSB-RR), Danilo Forte (PSB-CE), e Tereza Cristina (PSB-MS), líder da bancada federal. “Eles foram afastados porque em cada estado o presidente de certa maneira não deixa de ser a cara pública do partido.

Isso funcionou muito bem porque a repercussão nos estados foi muito grande e ficou claro que eles eram dissidentes e não estavam seguindo a orientação com posição fechada do PSB contra as reformas”, afirmou, no começo de julho.