Por Fernando Holanda, especial para o Blog de Jamildo Nesta terça-feira (22), a Prefeitura do Recife realizou uma audiência pública para debater um plano específico para a área norte do bairro de Santo Amaro.
Instigada e aprovada pelo Conselho da Cidade, a audiência reuniu na quadra do Ginásio Pernambucano cerca de 200 pessoas, entre moradores da comunidade, ativistas, membros do poder público e do próprio conselho.
Uma boa oportunidade para iniciar um processo de participação e colaboração das pessoas sobre o futuro cidade.
De acordo com o Plano Diretor, Santo Amaro carece de planos específicos não só por estar localizado no centro da cidade, na área determinada pela lei como Zona de Dinamização Econômica, como também por contemplar uma Zona Especial de Interesse Social.
As denominações são instrumentos legais que estabelecem a necessidade de diretrizes urbanísticas específicas para determinadas áreas da cidade, de acordo com sua potencialidade territorial e/ou vulnerabilidade social.
Mas mais importante do que qualquer lei, Santo Amaro carrega consigo um passado de luta pela moradia e um presente complexo, onde a violência é uma constante na vida da comunidade, que já sustentou por anos o título de bairro mais violento de Pernambuco.
Apresentado pelo Instituto de Planejamento da Cidade, o plano, batizado de Plano Santo Amaro Norte, parece ser uma experiência de planejamento urbano única no Recife.
Um documento que apresenta um conteúdo técnico relevante, que incorporou conceitos reivindicados por diversos movimentos dedicados ao debate sobre a cidade.
Um bom ponto de partida, que, como toda boa experiência, pode estar sujeita a falhas.
Falhas que obviamente precisam ser corrigidas antes da sua execução.
E que têm na participação popular o seu caminho de solução.
Esta primeira audiência pública pode ser o marco de um legítimo processo de construção coletiva da cidade, no qual poder público, empreendedores, trabalhadores e comunidade buscam consensos que representem um verdadeiro desenvolvimento para o Recife.
Consensos que sejam social, ambiental e economicamente viáveis, para não transformar este em mais um bonito plano que não saiu do papel.
A Prefeitura pode e deve viabilizar que Santo Amaro - e, em especial, a disputada Vila Naval - se torne uma referência de urbanidade através de um planejamento colaborativo.
E as pessoas (especialmente quem vive o bairro), que este seja um processo imune ao aparelhamento de partidos políticos, à manipulação ideológica e ao oportunismo.
Que o diálogo franco e transparente seja capaz de construir o que é melhor para toda a cidade sim, mas especialmente para a comunidade.
Que os poucos Vereadores presentes na manhã desta terça-feira possam parar seus discursos para dar voz a esta comunidade.
Que a Prefeitura abra olhos e ouvidos para incorporar as sugestões de quem conhece a realidade de fato.
Que os empreendedores e trabalhadores entendam que não há desenvolvimento sem sustentabilidade.
E que as associações e movimentos garantam a legitimidade e o lugar de fala a quem vive e dedica a vida a Santo Amaro.
São essas pessoas que precisam falar e serem ouvidas.
O Plano Santo Amaro Norte é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada pelo Recife.
Fernando Holanda representa a RAPS - Rede de Ação Política pela Sustentabilidade no Conselho da Cidade do Recife.