O presidente do Instituto Miguel Arraes, o advogado Antônio Campos, criticou nesta terça-feira (22) a decisão do governo Michel Temer (PMDB) de propor a redução da participação da União no capital da Eletrobras, anunciada nessa segunda-feira (21).

Campos, que é irmão do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, afirmou que vai ao Ministério Publico Federal (MPF) solicitar a abertura de um inquérito civil sobre a venda da estatal, além de procurar o o Poder Judiciário e os órgãos de controle.

O ministro da pasta à frente da empresa, Minas e Energia, Fernando Filho, é filiado ao PSB, partido que foi presidido por Miguel Arraes.

LEIA TAMBÉM » Governo quer reduzir participação da União na Eletrobras » Vender Eletrobras deixa País sujeito a apagões, prevê Dilma O advogado argumenta que a privatização da Eletrobras é contrária à pauta defendida por Arraes.

Como governador de Pernambuco, o socialista foi contrário à tentativa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) de vender a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf). “Defendia um projeto soberano de nação, resistiu à tentativa de privatização do sistema elétrico e da Chesf durante o governo FHC, que implicaria na privatização do Rio São Francisco”, disse Campos.

Em artigo de 2000, Arraes argumentava que o rio seria entregue como “peso morto” da compra da companhia, que depende dele.

Antônio Campos justificou que a venda não implica na redução dos preços aos consumidores. “O conhecido modelo privatista anunciado, em sua história, não baixou as tarifas elétricas ou melhorou os serviços para os consumidores, como ocorreu em relação a privatização da Celpe”, afirmou.

Para o presidente do Instituto Miguel Arraes, deveria haver um debate mais aprofundado sobre o assunto com a sociedade. “A solução do endividamento do setor elétrico não passa necessariamente pela sua privatização”, alegou.

Hoje, a Eletrobras acumula dívidas de R$ 43,5 bilhões.

O neto de Arraes, que deixou o partido e foi para o Podemos após um racha envolvendo o grupo do governador Paulo Câmara (PSB), relatou que entrou em contato com o presidente da legenda, Carlos Siqueira, na manhã desta terça-feira (22). “Dizendo que lamentava que a iniciativa partisse de um ministro filiado ao PSB e que tal iniciativa traia a memória de Miguel Arraes, um dos líderes históricos do PSB”, contou.

Discordando da posição da sigla contrária ao governo Temer, Fernando Filho e aliados têm sido cortejados para entrar no Democratas.