Concluindo a transposição do São Francisco, o Ministério da Integração Nacional está analisando uma proposta do deputado federal pernambucano Gonzaga Patriota (PSB) para a revitalização do rio: o uso das águas do Tocantins para aumentar a sua capacidade.

Hoje, o maior reservatório do Nordeste, Sobradinho (BA), tem apenas 10,87% do seu volume útil, aquele acima do volume morto, e teve a vazão reduzida por causa da seca, o que prejudica negócios nas regiões do Agreste e do Sertão.

O parlamentar afirmou que se reuniu com o ministro Hélder Barbalho, que autorizou a elaboração do projeto de engenharia, depois de a viabilidade ter sido atestada em análise da empresa EngeSoft.

Procurado pelo Blog de Jamildo, o ministério ainda trata o estudo como algo incipiente, mas previsto entre as ações da pasta.

Na próxima quarta-feira (23), Barbalho tem uma audiência no Senado em que vai falar sobre a revitalização do São Francisco.

LEIA TAMBÉM » População espera transposição, mas cobrança por consumo aflige » Técnicos da Chesf agora querem operar transposição do São Francisco e perímetros irrigados » Um ano depois, obras são retomadas no eixo norte da transposição Apesar de a expectativa ser da construção de um canal, como acontece na transposição, as dimensões projeto seriam menores, segundo Patriota.

A transposição custou até agora cerca de R$ 10 bilhões e chegou apenas à Paraíba, com previsão de atingir o Ceará e o Rio Grande do Norte só no ano que vem.

Para trazer a água do Tocantins, porém, segundo o deputado, a estimativa é de um investimento de cerca de R$ 3 bilhões, antes da conclusão do estudo. “É uma obra pequena em relação às outras que já começaram e estão quase feitas.

Então, eu não vejo como o governo não fazer”, afirmou o socialista. “Tem que apertar o presidente da República.” » Paulo Câmara aceita divisão de custos da transposição e promete isentar mais pobres » MPF vai à Justiça por plano de segurança de barragens da transposição O deputado explica que o trecho mais oneroso previsto é em Tocantins, onde será necessário construir estações elevatórias, como há na transposição, para conduzir a água até transpor a Serra Geral de Goiás, na divisa com a Bahia.

Nesse ponto, a água seria despejada na nascente do Rio Preto, de onde poderia seguir por gravidade até desaguar na Barragem de Sobradinho.

Patriota defende que parte do dinheiro para a construção do canal entre em R$ 600 milhões do Orçamento da União que, segundo ele, já estão previstos para a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

O parlamentar cobra a liberação da verba.

Apesar de só ter entrado no radar do ministério agora - e, de acordo com o deputado, do presidente Michel Temer (PMDB) -, o projeto foi apresentado pela primeira vez à Câmara em 1995 e ficou parado por 20 anos.

Só em 2015 foi aprovado pela Comissão de Viação e Transportes.

Em junho, Tadeu Alencar, também do PSB de Pernambuco, apresentou relatório favorável à matéria à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que, diante da denúncia contra o peemedebista e as reformas, ainda não votou. » Maia assina ordem de serviço de trecho da transposição parado há um ano » Deputados cobram de Temer que águas da transposição cheguem ao Sertão de Pernambuco » MPF pede ao TSE para multar Lula por ato político na transposição Patriota argumenta que a precipitação média anual na bacia do Rio Tocantins é de 1,6 milímetros, estendendo-se os meses chuvosos de novembro a maio e os meses secos de junho a setembro.

No São Francisco, os índices são menores do que 600 milímetros ao ano.

Além disso, o parlamentar frisa que a vazão média no primeiro chega a 13,6 metros cúbicos por segundo, enquanto no segundo é de 2.846 metros cúbicos por segundo - agora, Sobradinho tem 600 metros cúbicos por segundo, o que impossibilita a geração de energia e levou à proibição da captação em um dia da semana.

Foto: Divulgação Além de aumentar a capacidade hídrica do São Francisco, que, a partir da transposição deverá abastecer mais três estados, o objetivo é de aumentar a navegabilidade. “A nossa preocupação, com transporte de carga para aquela região san franciscana, provém de uma tentativa para restabelecer o papel histórico que o rio São Francisco desempenhou no passado como traço de união entre o Norte e o Sul”, diz o projeto.

O parecer da comissão em que o projeto foi aprovado na Câmara prevê a inclusão da ligação entre as bacias do São Francisco - no rio Preto, na Bahia - e Amazônica - no Tocantins - no Plano Nacional de Viação. “Embora estejamos ainda em um período de nova adaptação política e econômica devido às inúmeras carências de infraestrutura para a ligação entre essas duas bacias, a proposta em questão é válida”, ponderou o relator, Leopoldo Meyer (PSB-PR).