Em entrevista à Rádio Jornal nesta quarta-feira (16), o ministro da Educação, Mendonça Filho, garantiu que os investimentos na fábrica da Hemobrás em Pernambuco serão mantidos.
O ministro esteve nessa terça-feira (15) na reunião em que Ricardo Barros, da Saúde, anunciou que Michel Temer (PMDB) o contrariou e recuou da articulação para a construção de uma unidade do produto com maior valor agregado da Hemobrás no Paraná, seu reduto eleitoral.
Mendonça foi questionado se Barros poderia ter “má vontade” com a unidade de Goiana, na Mata Norte, e respondeu: “O ministro não vai desfazer o compromisso e a recomendação do presidente temer”.
Ele enfatizou que o cargo “não é eterno” e tem “prazo de validade”.
Mendonça Filho ainda afirmou que os ministros pernambucanos vão atuar na “manutenção para que haja velocidade do ministério nas tomadas de decisão” em relação à Hemobrás.
Além dele, foram ao encontro com Barros Bruno Araújo (Cidades), Fernando Filho (Minas e Energia) e Raul Jungmann (Defesa). “Se o governo federal tem dificuldade de liberar recursos, busque um parceiro privado”, disse o titular da pasta da Educação.
LEIA TAMBÉM » Temer ‘atende’ ministros pernambucanos, contraria Ricardo Barros e mantém Hemobrás em Pernambuco » MPF faz recomendações ao Ministério da Saúde contra mudanças na Hemobrás A Hemobrás tem hoje uma Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) com o consórcio Baxter/Shire que prevê a compra do fator VIII recombinante, medicamento usado no tratamento de hemofílicos e com o maior valor agregado da unidade, mas também a transferência da tecnologia para que a produção passe para Pernambuco até 2023.
Barros, porém, ignorava os protestos da bancada pernambucano e já estava certo em fechar com um consórcio que engloba a empresa suíça Octapharma, citada na Operação Máfia dos Vampiros, passando o contrato pelo recombinante para o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), em Maringá, base eleitoral do ministro - em Pernambuco ficaria apenas o fracionamento do plasma, executado pela Hemobrás em outro contrato. » Presidente da Hemobrás contraria ministro e mostra interesse em manter contrato » Paulo Câmara diz que Hemobrás é maior que questão eleitoral » Funcionários da Hemobrás denunciam ‘revés’ da União e rebatem ministro, que quer levar fábrica para reduto eleitoral Articulando o negócio com a Octapharma, Barros chegou a romper a parceria com o Baxter/Shire pelo fator VIII unilateralmente, mas foi impedido por uma liminar da Justiça Federal, o que levou também a uma ação do Ministério Público Federal (MPF).
Em audiência pública na Assembleia Legislativa, o representante do órgão junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) afirmou que a responsabilidade para o atraso na transferência de tecnologia, motivo alegado pelo ministério para a suspensão do contrato, foi por culpa de falta de investimentos pela própria pasta. “Qualquer que seja o parceiro presente nas unidades terá responsabilidade de transferir para o governo brasileiro a tecnologia a partir da Hemobrás”, disse o ministro da Educação. » Deputados recorrem ao TCU contra fim de contrato na Hemobrás » Hemobrás: ministro articula fábrica no Paraná e incomoda bancada de Pernambuco Na entrevista à Rádio Jornal, Mendonça Filho admitiu que a planta de Goiana tem atrasos e é discutida há mais de 12 anos, mas isso não implicaria na anulação do projeto.
A fábrica em Goiana custou até agora cerca de R$ 1 bilhão e precisa de mais R$ 600 milhões para concluir os 30% restantes.
O anúncio da manutenção do contrato da Hemobrás foi anunciada logo após a reunião entre os ministros e antes de um encontro entre Barros e a bancada pernambucana, que já havia tido outra audiência com ele para reclamar do negócio com a Octapharma.
A divulgação, segundo o ministro, gerou um incômodo entre os parlamentares, que queriam marcar presença. ‘Todos trabalharam e Pernambuco saiu ganhando porque a Hemobrás vai ser preservada na sua capacidade de investimento", amenizou.